A franquia de séries Power Rangers surgiu nos Estados Unidos em 1993, com a produção da Saban Entertainment. Atualmente, ainda em exibição em vários países – entre eles o Brasil –, encontra-se em sua 18ª temporada.
Cada uma delas adapta uma série japonesa da franquia Super Sentai, produzida pela Toei Company. A temática também é praticamente a mesma: um grupo – quase sempre – de cinco heróis é reunido para combater um inimigo, que lidera um grupo de monstros, com o objetivo de destruir/conquistar a Terra.
A Observação a seguir pretende abordar o capítulo Achados e Perdidos na Tradução de POWER RANGERS: DINO TROVÃO em que ocorre uma quebra no paradigma da franquia e chega até mesmo a nos fazer refletir sobre a obra em si.
A FASE DOS DINOSSAUROS
Power Rangers: Dino Trovão foi a 12ª temporada da franquia, exibida originalmente nos Estados Unidos em 2004. No Brasil, o extinto canal Jetix apresentou a série em 2005, a Globo em 2007 e, posteriormente, a Band em 2011.
No começo da história, Dr. Tommy Oliver – mais conhecido como Ranger Verde e Branco da primeira fase dos Power Rangers, a Mighty Morphin, e como Ranger Vermelho em Zeo e na primeira metade de Turbo – está em uma ilha sendo atacado por monstros, mas consegue fugir para a Costa dos Arrecifes (em inglês, Reefside, Califórnia). Lá consegue o cargo de professor de Ciências.
Certo dia, a diretora do colégio manda três alunos para ficar com ele em uma visita ao museu: Conner McKnight, Ethan James e Kira Ford. O local, entretanto, está fechado e Tommy pede para os três estudantes passearem pela floresta. Sozinho, ele acaba atacado por um tiranossauro, mas consegue derrotá-lo e descobre que seu algoz é na verdade um robô.
Já os três caem em um buraco no meio da floresta e descobrem uma passagem secreta que leva a uma caverna, onde se deparam com misteriosas pedras. Depois eles se encontram com Dr. Oliver e são levados de volta ao colégio.
Tommy Oliver em Power Rangers Mighty Morphin e em Dino Trovão |
No outro dia, a cidade começa a escurecer, e Mesogog manda os Dino Zords – são eles: Zord Tiranossauro, Zord Tricerátopes e Zord Pterodáctilo – para atacarem a Costa dos Arrecifes. Os heróis vão até o local, mas antes Dr. Oliver dá a eles os Dino Morfadores, com os quais eles se transformam nos Power Rangers: Dino Trovão. Eles conseguem deter os inimigos e controlar os Zords, levando-os para o lado do bem.
Conner, Kira e Ethan, os principais Rangers da série |
19º EPISÓDIO
Intitulado Achados e Perdidos na Tradução, este episódio foge a regra de todas as séries Power Rangers. Nele não há inimigos para os heróis enfrentarem. O robô não participa da batalha que define o destino do monstro. O que temos são os Rangers Conner, Ethan e Kira assistindo a versão japonesa de si próprios, os Bakuryuu Sentai Abaranger – em tradução direta, Esquadrão Dinossauros Explosivos Abaranger.
Os heróis assistindo sua versão japonesa |
“Estranho demais! Isto não tem nada a ver com a gente”, reclama Conner de início.
Interessante notar as diferenças culturais logo no começo do episódio. Um dos vilões no Japão é uma pequena garota, que supostamente está no comando do grupo. Tal fato não se repete nos Estados Unidos, onde em um programa familiar jamais representaria uma criança em tal posição. O mesmo ocorre no Brasil, onde mesmo em programas voltados ao público adulto – como ocorreu na novela Viver a Vida com a personagem de Klara Castanho – apenas a leve menção da possibilidade já gera críticas e acaba descartada pelos roteiristas.
O original Bakuryuu Sentai Abarangers |
- Qual é? É só um cara fantasiado! – exclama Conner diante o aparecimento de um bizarro vilão.
- Ninguém disse que era um documentário, use sua imaginação – responde Ethan.
- Será que alguém vai acreditar em uma combinação de urso, cogumelo, caixa eletrônico e monstro? – continua o Ranger Vermelho.
- Acha mais esquisito que os monstros que temos que enfrentar? – questiona Kira.
A resposta da garota é genial. Ela levanta uma questão importante sobre a série e rebate a acusação de que a produção seria violenta para crianças. Fica claro aqui que não há realidade nos Power Rangers, e não devem ser entendidos como tal. A série nada mais é do que um produto de entretenimento e o roteirista do episódio brinca com isso utilizando o recurso da metalinguagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dino Trovão tem também outros pontos altos, ainda não mencionados aqui. No 4º episódio – o número 500 da franquia, chamado de Legado do Poder –, Dr. Oliver é sequestrado por Mesagog. Os demais Rangers, auxiliados por Hayley, em busca de seu líder, assistem um vídeo deixado por ele, no qual reconta toda a história dos Power Rangers até então. Uma recapitulação de deixar qualquer fã entusiasmado.
Em relação ao 19º capítulo, podemos afirmar que há uma inversão de papéis. O correto é afirmar que o Dino Trovão foi baseado nos Abaranger, e não o contrário. Para causar polêmica, é possível dizer que o feito demonstra mais uma vez a vontade dos Estados Unidos em se mostrar dominante diante de tudo, chegando até – porque não – se considerar criador dos Super Sentai.
Junto a isso ainda existe a polêmica de que a criação dos Power Rangers, e sua consequente chegada ao Brasil, impossibilitou a TV nacional de exibir novos programas japoneses, que reinavam aqui nas décadas anteriores. Apenas Patrine, Winspector, Kamen Rider Black RX, Solbrain, Ultraman Tiga e Ryukendo tiveram chance no país após a série estadunidense.
Excetuando tais provocações, Achados e Perdidos na Tradução é um interessante episódio da série, justamente por quebrar a regra de: inimigo aparece, heróis o derrotam, ele vira um monstro gigante, eles convocam o robô e o explodem. E ainda nos leva a conhecer a série original, que no final das contas nos revela uma cultura japonesa não muito diferente da estadunidense, pelo menos tem como base as duas franquias.
Para finalizar, o título desta Observação é o mesmo dado por Conner em seu trabalho de análise comparativa entre a versão do seu grupo com a nipônica no final do episódio. Uma ideia que poderia ter sido usada aqui, mas creio que a intenção tenha sido semelhante para ambos, por isso a homenagem.
Confira a abertura da série:
POWER RANGERS: DINO TROVÃO
Nome original: Power Rangers: Dino Thunder
Produção: BVS Entertainment
Episódios: 38 (aproximadamente, 30 minutos cada)
Ano de exibição: 2004 (Estados Unidos | ABC Family, Toon Disney, ABC) e 2005-2011 (Brasil | Jetix, Rede Globo e Bandeirantes)
Direção: Charlie Haskell, Andrew Merrifield, Paul Grinder e Britta Johnstone
Baseado na 27ª série do gênero Super Sentai Bakuryuu Sentai Abaranger (produzida pela Toei Company)
Power Ranger é um simbolo onde o capitalismo age em sua forma mais cruel, não pensando em qualidade e sim em como ganhar muito sem gastar. Começou na Saban, foi para a Disney e recentemente voltou para a Saban ( penultima serie Power Ranger Samurai já passou marcou a reestreia na SABAN)Vejo esse episodio como uma grande "soberba" que a Disney tira dos próprios Japoneses. Power Ranger me fez detestar os Tokusatsu cuja a raiva só se acalmou no fantástico Kamen Rider Blade e obras maravilhosas no J-Drama como Battle Royale e GTO Live Action
ResponderExcluirMeu bom amigo (e cada vez mais fiel as atualizações do blog), concordo plenamente contigo. Honestamente, não sou fã de Power Rangers, acho os roteiros muito ruins e as atuações piores ainda. Também não sou fã do Super Sentai original, não gosta da repetição da história a cada episódio (fato que me faz desgostar também de várias outras séries estadunidenses.
ExcluirMas, cara, meus filhos adoram. Vou fazer o que? rs. Esse texto foi uma homenagem a eles. Embora eu confesse que gostei bastante da ideia do episódio, justamente por se diferente dos demais.
Das obras que falou, só conheço (assisti e adorei) Battle Royale. Conhece Azumi ou Cashern? Acho que ia curtir também. Abraços (ah, e aguardo imensamente seu futuro blog!).
Quero ser ator power ranger
ResponderExcluirEu adorei
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