O estigma do Superman | Aquilo que o Superman representa


Capa da história em quadrinhos O estigma do SupermanO ESTIGMA DO SUPERMAN não é uma história do personagem que habituamos chamar por este nome, mas sim uma história que procura demonstrar o peso que ele representa. O que significa afinal ser este super-herói em especial ou ser ligado a ele diretamente?

Na revista somos apresentados a Eddie Dial, um cidadão norte-americano comum, vivendo em um período que parece ser entre os anos 1940 e 1950. Em decorrência de um acontecimento desastroso, ele será marcado com o símbolo do Superman de um modo não voluntário e terá sua vida literalmente mudada após este momento.

Confira a Observação desta história em quadrinhos e descubra a resposta da pergunta acima.

MARCADO PELO ESTIGMA

Eddie nunca sonhou em ser um super-herói e também habita um mundo onde isso jamais seria possível. Este mundo chama-se Realworlds (Mundo Real, em português). Na definição da editora responsável pela criação do selo, a DC Comics (que nos Estados Unidos publica as histórias de Superman, Batman, Lanterna Verde, Mulher Maravilha, Flash, Aquaman e outros), esta série “conta histórias de seres humanos normais, cujas vidas são extraordinariamente afetadas por ícones do Universo DC. De modo súbito e surpreendente, essas pessoas ganham a paixão, a nobreza e a grandeza dos super-heróis”.

Tenha isso em mente, portanto, no prosseguimento deste texto. No final, tiraremos a conclusão se esta foi ou não uma boa definição para esta história em específico.

Cena de O estigma do SupermanO jovem protagonista trabalhava como auxiliar em uma mercearia até topar com Pete D’Angelo, um rapaz barra-pesada que namorada o grande amor de Eddie, a bela Betty – ainda que não correspondido. Pete aterrorizará a vida do garoto apenas por prazer, o embebeda e manda tatuar em seu peito o símbolo do Superman. Por fim, espalha o boato pela cidade, fazendo-o virar motivo de chacota.

A partir daí sua vida começa a decair, perde o emprego, é humilhado e despejado. Eddie fica a sem ter a quem recorrer – “a mãe dele se mandou quando ele ainda era criança, e o pai morreu no ano passado”, no informa Betty no começo da história – e em um ato sem pensar invade o apartamento de Pete para roubá-lo, mas acaba preso.

Logo em seu primeiro dia encarcerado, o jovem acaba espancado pelos moradores do local sob a alegação de que “eu sempre quis linchá o Superman”, como avisa um deles.

VIDA APÓS AS GRADES

“Eu achei que o estrume que me tatuou tinha ferrado a minha vida... me transformando numa piada. Mas eu tô cheio de ser abusado. Eu vou pegar este símbolo... e assumi-lo. Desde já, ele representa uma coisa... vingança! Pete vai pagar pelo que me fez... ele e uns safados deste inferno! Eu juro que vou me vingar de todos eles!”

É com esse discurso deveras piegas dito ao seu companheiro de cela que Eddie promove uma reviravolta em sua vida. Decide fazer parte do grupo de prisioneiros que mandam e para tal investe seus dois anos lá em ficar bastante forte, graças a musculação, e a ser um “casca grossa” do pedaço. Antes de sair, recebe um convite de um dos poderosos da cadeia (poderoso ao ponto de mandar em policiais lá dentro) para trabalhar para uma de suas equipes de roubo e contrabando. Não por acaso, o líder atual deste grupo é Pete D’Angelo, que, espancado, é deposto por Eddie.

Cena de O estigma do Superman
Começa aí a verdadeira ascensão social do ‘Superman’, símbolo que agora ele expõe andando de jaqueta aberta e sem camiseta por baixo. Mas Eddie não esqueceu seu grande amor, entretanto descobre que ela não mora mais no mesmo local. “Esquece! A Betty casou e se mudou no ano passado. Pra ela aqui não é lugar pra criar filhos”, esclarece possivelmente a mãe da garota. ‘Possivelmente’, pois esta informação está apenas subentendida.

Cena de O estigma do SupermanIrritado, quebra parte da escada e acaba rodeado de crianças que começam a questioná-lo se ele seria o verdadeiro Superman. Por fim, começa a se divertir com elas, segurando-as no ar como se estivessem voando. Dias depois, para um transportador e rouba a carga com bonecos do personagem, apenas para distribuí-los entre as crianças. Indagado por um de seus comparsas, apenas diz: “no futuro, estes guris podem ser os transportadores... e vão estar todos nas minhas mãos! Até lá, muitos pais vão ficar espertos comigo, porque seus filhos me adoram”.

Eddie ainda desiste de bater em um homem (Sr. Timpone) que iria depor contra ele no tribunal somente porque o filho dele apareceu e viu a cena. Após este episódio, seus comparsas o delatam ao líder ainda preso que ordena sua expulsão. Ele é espancado e jogado nas ruas para morrer, mas acaba salvo pelo mesmo filho do senhor que ameaçou bater. Por fim, arrependido de suas ações, impede que seus ex-companheiros matem Timpone e ajuda a polícia a desmantelar a gangue.

Vivendo como Ted Carson – “um milagre do programa federal de proteção à testemunha” – enfim morre, mas deixa sua história por escrito para que um dia ele ainda pudesse ser lembrado.

O VERDADEIRO SUPER-HOMEM

Eddie Dial nunca quis ser o Superman. Clark Kent, ou Kal-El, diferentemente, sabia que este seria o seu destino.

Capa de Grandes Astros Superman 1Para quem ainda não conhece a história por trás dos quadrinhos, o personagem foi criado em 1932 por Jerry Siegel (nos roteiros) e Joe Shuster (nos desenhos) e acabou considerado como o primeiro super-herói e precursor da Era de Ouro dos comics estadunidenses, gênero que se tornaria bastante popular por lá com o passar dos anos. Atualmente faz parte do rol de personagens da editora DC Comics, que disputa com a Marvel o topo dos mais vendidos no mercado local.

Superman é dotado de superpoderes, tais como força sobre-humana, invulnerabilidade, voo, supervelocidade, visão de raio-x, visão de calor, entre outros, o que acabam tornando-o praticamente invulnerável e talvez seja este o motivo pelo qual sua história a cada década tenha que ser reescrita, ou até mesmo reinventada, para que ainda permaneça chamativo às novas gerações. Por conta disso, também tem sido cada vez mais difícil encontrar boas histórias do personagem. Uma exceção (na opinião pessoal deste blogueiro) é Grandes Astros Superman, história publicada no Brasil entre 2007 e 2008, escrita por Grant Morrison e ilustrada por Frank Quitely. Nesta curta saga de doze números, o herói está morrendo e precisa enfrentar seus últimos desafios.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Superman deixou a muito de representar o que há de melhor entre os quadrinhos de super-herói oriundos dos Estados Unidos, mas é inevitável alçá-lo ao status de ícone da cultura popular daquele país.

O 'S' em seu peito é mundialmente famoso e identificável até mesmo entre os não fãs ou não leitores de HQs. O Estigma do Superman estranhamente consegue se destacar entre as histórias do personagem sem nem mesmo tê-lo em nenhuma de suas páginas.

Cena da história em quadrinhos O estigma do SupermanEddie Dial poderia ter tido uma vida comum e pacata ou passar diversos dias humilhado por conta da tatuagem até finalmente conseguir retomar sua vida, mas aceitou uma mudança drástica, passando por bandido e depois herói entre as crianças. Por fim, o símbolo foi mais forte e ele entendeu que com aquela marca, aquele estigma jamais poderia ser uma pessoa ruim. Tanto que o trabalho que consegue graças ao programa de proteção à testemunha é em um centro infantil.

É uma história sincera, que apela em diversos momentos, mas ainda assim soa como se pudesse ter acontecido de fato. E sim, condiz com o selo Mundo Real da editora. Eddie conseguiu “a paixão, a nobreza e a grandeza dos super-heróis”.

O ESTIGMA DO SUPERMAN
Roteiro: Steve Vance
Desenho: José Luis García-López
Arte-final: Josef Rubinstein
Cores: Dave Stewart
Editora: Mythos
Ano de lançamento: 2001
Quantidade de páginas: 52

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