The O.C. | Antes do fim chegar


Elenco da quarta temporada da série estadunidense The O.C.
THE O.C. foi uma série de muito mais altos do que baixos, diferente do que costuma ocorrer entre as produções estadunidenses, ainda mais as que envolvem histórias com jovens. Seus episódios reuniam sarcasmo, humor, elegância, beleza e drama em um palco recheado de boas músicas de bandas que fariam sucesso a partir de dali.

O Natunu-quê? (episódio 7 da quarta temporada) foi exibido quando a série já estava em baixa e começava-se a cogitar seu fim prematuro, o que viria a acontecer em 2007 (confira todos os acontecimentos neste guia da história). Entretanto, ainda mostrava o quanto podia inovar em termos de boas histórias envolvendo relacionamentos.

Entenda nesta Observação como o destino pode ser mudado até por quem já não está mais aqui e a importância daqueles que estão ao nosso lado, além de alguns motivos que fizeram o fim estar tão próximo.

SINOPSE DO EPISÓDIO

Ryan Atwood ainda sente muita falta de sua amada Marissa Cooper, que morrera em um acidente de carro no final da terceira temporada. Taylor Townsend, que surgira naquele mesmo período irritando todo mundo e que aos poucos foi ganhando espaço, entrara em sua vida, mas ainda não era totalmente aceita. Um acontecimento no dia do Natanukká, entretanto, terá bastante impacto neste relacionamento.

Convite para Natanukká (Chrismukkah) da família Cohen, em The O.C.Mas espera! Você sabe o que é Natanukká (ou Chrismukkah, no original em inglês)? Dentro do universo de The O.C., este é um feriado criado por Seth Cohen “unindo o melhor que o Cristianismo e o Judaísmo têm a oferecer”. Em outras palavras, o Natal e o Chanukah. Serve para que seu pai, “um judeu pobre e lutador crescido no Bronx”, e sua mãe, “a burguesa protestante” pudessem comemorar juntos suas respectivas festividades. São oito dias de presentes (tradição do Chanukah) e depois um com muitos presentes (do Natal).

Feito o apontamento, voltemos ao resumo do episódio. Ryan está arrumando os enfeites do feriado para os Cohen, quando Taylor chega e lhe dá um presente (“Comprei o grill do George Foreman. Ele gosta de carne magra. Obviamente”). O jovem está chateado porque recebeu uma carta, com certo atraso dos correios, que Marissa havia lhe endereçado antes de morrer. Uma discussão tem início e os dois caem da escada, entrando em um coma leve.

Cena da quarta temporada da série The O.C.Aquém de sua situação real, eles acabam indo parar, nas palavras de Taylor, em um universo paralelo. “Tive uma fase de ficção científica. Universos alternativos são demais. Entramos em um mundo que não existe. Mas sei o caminho de volta para o mundo real”. A garota explica que essa saída é consertar algo de errado naquele mundo.

Mas fatos errados não faltam: Ryan nunca existiu, portanto Seth continuou sempre um nerd, nutrindo uma paixão não correspondida por Summer, que vai se casar com outro cara. Kirsten e Sandy se separaram, ela casou com seu primeiro namorado, e pai de Marissa, Jimmy, enquanto ele conheceu Julie e virou prefeito de Newport. E Marissa, bom...

PONTOS FORTES

Ao inserir o elemento de universos paralelos, os produtores puderam brincar com este mundo totalmente novo, onde o protagonista da série nunca existiu. A trama consiste em mostrar sua importância (se é que ele teve) na vida daquelas pessoas.

Ponto alto foi considerar que Marissa não teria sobrevivido à overdose em Tijuana, evento mostrado no meio da primeira temporada, onde ela acaba socorrida por Ryan. Dentro dessa lógica, ele jamais poderia culpar-se pela sua morte duas temporadas depois, pois foi responsável por mantê-la viva por mais tempo.

Cena em que Ryan carrega Marissa após ela morrer no fim da terceira temporada de The O.C.Algumas sacadas que sempre foram o forte principalmente no personagem Seth Cohen nos dois primeiros anos da série, chamam atenção com Taylor, como quando ela comenta com Ryan sua relevância não apenas para a história de Marissa, como a de todos os demais:

“Ryan, você não presta atenção? Você salvou os Cohen. Sem você, Seth é o próximo Unabomber. Sandy está casado com a maior das vadias. E Kirsten não tem um orgasmo há um ano”.

Novo adendo: Unabomber era como ficou conhecido Theodore John Kaczynski, prodígio matemático estadunidense, escritor, ativista político, condenado a prisão perpétua após uma sequência de atentados munido de bombas. Julie é realmente a grande vadia da série. E coitado do Jimmy, mas ele era mesmo um fracassado.

PONTOS FRACOS

A trama deste episódio não faz o menor sentido dentro da estrutura da série, que sempre se levou a sério, inclusive abordando temas fortes, como homossexualidade, uso de drogas e bebidas, bullying, preconceito social, entre muitos outros.

Aqui temos descontração do começo ao fim para, como foi dito, fazer com que Ryan entendesse que ele não tinha culpa no acidente com Marissa e que deveria seguir em frente. Mas há muitas falhas na história, como:

- Por que todos os personagens são os mesmos e Taylor no universo paralelo é homem?
- A própria ideia de universo paralelo não faz sentido, uma vez que os dois partilham do mesmo ‘sonho’, mesmo sendo pessoas distintas.
- Como diabos Seth chega a mesma conclusão de Taylor no ‘mundo real’, imaginando que eles ainda não haviam acordado por estar em um universo paralelo (sim, ele utiliza ainda o mesmo termo).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Promo da série estadunidense The O.C.O Natunu-quê? não é dos melhores episódios de The O.C., entretanto, foi uma quebra no paradigma da série, uma tentativa de inovar em meio a decadência, pós-morte de Marissa. Para tristeza dos produtores, Taylor, vivida pela bela atriz Autumn Reeser, ainda que engraçada, não possuía do mesmo carisma da personagem vivida Mischa Barton.

Curiosamente, neste episódio em questão (e porque não na temporada inteira!) dois personagens que eram base de sustentação da obra, Seth e Summer, tem seus espaços muito reduzidos, com grande perda para o humor e para o romantismo que eles proporcionaram durante os três anos anteriores.

Outro ponto que sempre se destacou, a música, já não estava mais ali. Sim, há a musicalidade, só que ainda que houvesse semelhanças com aquele estilo característico indie rock sempre presente não era mais a mesma coisa.

Brincar com ficção-científica foi importante para buscar a mudança do ritmo da história até então, mas pouco efetivo para atrair novamente os fãs. Com isso, a última temporada não passou despercebida, mas havia um sentimento de que não era mais The O.C..

THE O.C. - UM ESTRANHO NO PARAÍSO
O NATUNU-QUÊ?
Nome original: The O.C. / The Chrismukk-huh? (4x07)
Direção: Ian Toynton
Roteiro: J.J. Philbin e John Stephens
Data de exibição: 14 de dezembro de 2006 (nos Estados Unidos)

Observação - Guia da história

2 comentários:

  1. vi apenas a primeira temporada, apesar de boa, não me instigou a ver o restante. Mas sempre gostei da série, é um daquelas em que paramos para assistir independente do que estejamos fazendo.!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, João, bom vê-lo passando por aqui, sei que esse tema não é muito sua praia (um dia quem sabe você não escreve sobre um episódio de Supernatural para cá, o convite está aí...).
      Concordo contigo, The O.C. tinha alguma coisa que prendia o espectador, que infelizmente hoje em dia é difícil encontrar outra série que consiga o mesmo.
      Abraços.

      Excluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...