A maior parte das biografias segue um básico roteiro para traçar toda (ou não) a vida de alguma pessoa. Esta Observação não! A ideia é seguir um modelo diferenciado, ainda mais por tratar de uma personalidade que não gostava de seguir regras e padrões: WALT DISNEY.
O modelo utilizado aqui seguirá a linha de curiosidades a respeito de sua vida, tendo como base três livros: Walt Disney – O triunfo da imaginação americana, de Neal Gabler, Walt Disney – Prazer em conhecê-lo e A Magia do Império Disney, ambos de Ginha Nader.
Cada capítulo, intitulado com uma curiosidade sobre sua vida e obra, é composto do contexto histórico no qual ela está inserida, sua relação com Walt e uma explicação da curiosidade, seja ela verdadeira ou não. O objetivo é tentar abranger as diferentes áreas de atuação do produtor e identificar seu legado.
Nesta PRIMEIRA parte teremos:
- Curiosidade 1: Walt Disney não queria ser apenas conhecido pela criação de um rato
CURIOSIDADE 1: WALT DISNEY NÃO QUERIA SER APENAS CONHECIDO PELA CRIAÇÃO DE UM RATO
Contexto histórico: O surgimento da animação
Já em meados do século XIX, antes da invenção do cinema, havia truques para dar ilusão de movimento a desenhos. Em 1832, o belga Joseph Plateau criou um aparelho que mostrava por uma fenda imagens ‘movendo-se’ sobre um disco em rotação.
Praxinoscópio |
Cinquenta anos depois, foi a vez de Emile Reynaud lançar em Paris o Praxinoscópio, que utilizava um filme perfurado para projetar imagens sobre uma tela.
A animação ganharia pouco espaço no início do cinema até 1908, quando foi reinventada pelo norte-americano J. Stuart Blackton, pioneiro da fotografia de stop motion – técnica depois desenvolvida na França por Émile Cohl, que fez mais de 100 animações curtas de 1908 a 1918 e criou o primeiro personagem regular em desenhos.
Winsor McCay – quadrinista conhecido por sua tira em quadrinhos Little Nemo in Slumberland – criou Gertie, o Dinossauro, em 1909. McCay sempre se gabou ser sua a invenção dos modernos desenhos animados e também de ter produzido o primeiro longa-metragem de animação, The Sinking of the Lusitania (embora até hoje haja desacordo se este pode ser mesmo considerado um longa, por conta da duração do filme – veja Curiosidade 2).
Gato Félix |
Entre 1919 e 1920, as primeiras unidades de produção de desenhos animados eram responsáveis por produzir filmes de um rolo de 10 minutos que abriam a programação nos cinemas.
Nos anos 1920, Gato Félix, de Pat Sullivan e Otto Messner, reinou supremo até o advento do som.
Disney:
Walt desenhou muito durante sua infância. Ocupava seus tempos livres praticando, até mesmo quando esteve junto ao exército na Primeira Guerra Mundial. Sua primeira experiência profissional foi como assistente no pequeno estúdio Gray Advertising Company, aos dezenove anos. Foi lá que conheceu Ubbe Iwerks, um jovem desenhista de sua idade e que mostrou a Walt os primeiros truques de como tornar o desenho mais profissional e de execução mais rápida.
Walt sugeriu a Iwerks que montassem juntos seu próprio estúdio. Desta parceria surgiu a Iwerks-Disney. Mas a empresa durou apenas até Walt conseguir um emprego na Kansas City Film Ad Company, para onde seguiria Iwerks pouco tempo depois.
Walt Disney e Ub Iwerks |
Em pouco tempo, reuniu um pequeno grupo e conseguiu produzir sete desenhos animados. Walt estava bastante satisfeito, mas a distribuidora com a qual o recém-criado estúdio havia fechado o negócio deixou de pagá-los. Walt ainda conseguiu manter a empresa por algum tempo, filmando material para reportagens e filmes de bebês, mas logo seus fundos acabaram e os empregados começaram a deixar a empresa. Até Ub Iwerks viu-se obrigado a voltar ao antigo emprego na Kansas City Film Ad Company.
Em uma maneira desesperada de manter seu estúdio, Walt entrou em contato com Margaret Winkler, que distribuía séries de Max Fleisher – famoso estúdio de animação de Nova Iorque, na época. Apresentou um projeto inovador para sua época: usar uma menina real circulando pelo mundo dos cartoons.
Com resposta positiva, convocou imediatamente Iwerks e outros animadores para a produção de Alice in Cartoonland (Alice na Terra do Desenho Animado). O dinheiro, entretanto, acabou antes mesmo do filme terminar, enquanto Walt viajava para o Kansas. Falido, recebeu a recomendação de seu irmão Roy e de seu tio Herbert para ir para outro local, onde pudesse tentar novamente.
O local escolhido foi Hollywood. A escolha deve-se por dois fatores: seu irmão Roy já morava lá por conta de sua tuberculose e a vontade de torna-se diretor de comédias, como Charles Chaplin.
Apesar de sua determinação inicial de não mais produzir desenhos animados, Walt ficou eufórico quando Margaret Winkler lhe pediu doze filmes da série Alice, que ela acreditava que tinha potencial de sucesso. Estava até mesmo disposta a pagar 1,5 mil dólares por película no ato da entrega, valor considerado alto para a época.
Confira um episódio de Alice in Cartoonland:
Reunindo economias, comprou o equipamento necessário para produzir seis filmes. Assim que ficaram prontos, a Disney Brothers Productions, como foi batizada a nova firma, conseguiu contrato para mais filmes.
Ub Iwerks mais uma vez foi contatado por Walt e prontamente atendeu o chamado, mudando-se para Hollywood. Pelo acordo, receberia 10 dólares mensais e mais 25% do faturamento da empresa.
A boa receptividade dos filmes de Alice, no entanto, não surtiu efeitos nos dividendos para a empresa, principalmente por causa da obsessão de Walt pela perfeição. Além disso, Margaret havia se casado com Charles B. Mintz, que assumira a direção dos negócios e não estava muito preocupado com a qualidade, desde que fossem entregues no prazo.
Foram produzidos 57 filmes da série, mas depois do décimo sexto nenhum deu lucro. E Mintz também não era bom pagador. Foi nessa época que o estúdio, por vontade de Walt e sem a objeção de Roy, mudou de nome para The Walt Disney Studio.
Oswald, o coelho sortudo |
Os costumeiros problemas financeiros tinham se amenizado. Até que, dois anos depois, viajou para Nova Iorque para renegociar o contrato com Mintz, onde cobraria mais pelos filmes, pois os custos de produção já tinham estourado o antigo orçamento.
Mas no encontro Mintz afirmou que se Walt não aceitasse se associar à Universal e a ele, o poderoso estúdio, que detinha os direitos sobre Oswald, estava preparado para continuar os desenhos sem ele. Com exceção de três – incluindo Ub – todos os catorze animadores do estúdio já haviam assinado contratos secretos com Mintz.
Desesperado, andando a esmo por Nova Iorque, Walt foi dominado por um turbilhão de emoções que iam da incredulidade à revolta. Mas foi durante a viagem de volta, no trem, que em um espasmo de criatividade, esboçou um rato em forma humana e perguntou a sua esposa Lillian o que achava do nome Mortimer para o personagem. Lilly – como era carinhosamente chamada – não gostou muito do nome e sugeriu que Mickey. Já a caraterização final ficou a cargo de Ub.
Os dois primeiros desenhos de Mickey Mouse, Plane Crazy (Avião Maluco) e Galloping Gaucho (O Gaucho Galopante), no entanto, não tiveram tanto sucesso.
Walt sabia que o personagem não tinha conhecimento do público, mas sabia como consegui-lo: incluiria som em suas animações. A questão era como, já que o único equipamento disponível pertencia a RCA e era caro demais para o estúdio.
Ao mesmo tempo em que procurava uma maneira de sincronizar o som ao filme, o estúdio pôs em produção o terceiro filme do personagem, Steamboat Willie (O Vapor Willie), já programado para receber som mais tarde.
Foi com um velho amigo de Nova Iorque, Pat Powers, que Walt conseguiu o que procurava por um preço mais acessível.
Imagem icônica de Mickey em Steamboat Willie |
O primeiro desenho animado sonoro de Mickey, já na companhia de Minnie, estreou no dia 28 de novembro de 1928, no Teatro Colony de Nova Iorque, com estrondoso sucesso, principalmente por demonstrar a força da música como elemento intrínseco da estrutura do filme e seu ritmo visual, e não mero acompanhamento, como aponta o pesquisador Neal Gabler.
Em apenas um ano, foram produzidos quinze desenhos, sendo até 1945 o próprio Walt a voz do Mickey.
Sobre a curiosidade:
A frase correta usada por Walt Disney teria sido: “Imagine ser lembrado em todo o mundo pela invenção de um rato!”. Ela foi dita à Martin Davis, diretor do WED, pouco tempo antes de sua morte temendo que Roy não levasse a frente seu grandioso projeto para EPCOT – o que de fato não foi feito.
Na mesma época, Walt foi a uma reunião para fechar detalhes do roteiro de Mogli, o menino-lobo e comentou aos animadores que devia estar ficando velho, porque para ele a história ainda estava muito ruim, mesmo depois de dois anos de projeto.
Disney também fazia comentários que só mantinha a parte do estúdio de animação em respeito aos desenhistas que ainda trabalhavam com ele, uma vez que se mantinha muito bem com os filmes ao vivo, mais baratos e, na maioria das vezes, mais rentáveis.
Segundo os pesquisadores, em nenhum dos três casos devemos considerar que Walt estava menosprezando sua principal criação e o trabalho que desenvolveu por anos. Deve se levar em conta que no final da vida já estava cansado e focado na Disneylândia e no seu último projeto, o EPCOT. Para eles, este era Walt. Sempre partindo para o próximo passo e esquecendo o anterior completamente.
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nossa!muito interessante!!!tai uma coisa q eu ia morrer sem saber + agora ñ vou +!!!!parabens!!vc escreve muito bem!!
ResponderExcluirObrigado pelos elogios! Fico muito feliz em poder ajudá-la a conhecer um pouco mais da história deste gênio da animação!
ExcluirWalt Disney mago eterno, hall of the stars ..thank u for your all heroes MS Walt..third world love you forever . 🕊️⚽🩴🆗🛁🎴
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