Tin Man - A nova geração de OZ | Não há lugar como OZ!

“A sublime rainha de OZ tinha duas filhas amáveis. Um eclipse duplo é esperado, a luz encontrará a solidão com o silêncio entre elas, mas somente uma, e apenas uma, segurará a esmeralda e tomará o trono”.

A minissérie divida em três episódios, TIN MAN – A NOVA GERAÇÃO DE OZ, foi ao ar em 2007 e adaptou o clássico da literatura infanto-juvenil O Mágico de Oz, de L. Frank Baum, para as telas com uma roupagem mais aventureira, moderna e sombria.

Esta Observação vai mostrar as principais diferenças e semelhanças entre o livro e a adaptação para a televisão.

UMA TEMPESTADE ESTÁ POR VIR!

DG (Zooey Deschannel) em um raro
momento em que aparece vestindo azul,
tradicional na obra original

Ela é uma garçonete de 20 anos, anda de moto e tem facilidade em consertar coisas. Vive com seus pais – robôs, na verdade, mas ela não sabe disso ainda! – em uma pequena fazenda, que pela vegetação e clima lembra muito o Kansas. Ultimamente, vem tendo um sonho estranho onde uma bela mulher, sua verdadeira mãe, aparece e lhe diz que uma tempestade está por vir. O que não tardará em acontecer. Junto a ela surgem um tornado e homens misteriosos tentando capturá-la em casa. No desespero, seus pais a jogam pela janela e ela acorda em OZ (Outer Zone, algo como Zona Externa em português).

(Início do interlúdio 1) Aqui já temos uma grande diferença entre a obra original e sua adaptação. Nos livros de Baum – para quem não sabe, além de O Mágico de Oz, o escritor também lançou outras treze obras relacionadas àquele mundo –, Oz era uma espécie de país, vizinho de muitos outros e não possuía essa definição. Na minissérie utilizaram a definição Outer Zone meio que para mostrar que este seria o outro lado da nossa própria realidade (Fim do interlúdio 1).

A garota em questão é Dorothy, ou melhor, DG. A única vez em que ela é vista com um vestido azul – tradicional da personagem original nos livros – é quando está trabalhando no restaurante. Sapatinhos prateados? Nada disso, DG usa tênis e usá-los parece ser a única coisa confortável em sua jornada por OZ.

DUAS PRINCESINHAS...

Enquanto a Dorothy de Baum tem como objetivo vencer as bruxas más e voltar para o Kansas, DG enfrentará em OZ o seu passado. Filha da grande rainha de Outside Zone, sua vida muda após uma feiticeira maligna tomar conta do corpo de sua irmã mais velha, Azkadellia, fazendo com que a menina possuída mate a própria irmã.

DG e sua irmã Azkadellia (Kathleen Robertson)

Mesmo perdendo muito de seu poder a rainha ressuscita DG e sussurra em seu ouvido o paradeiro de uma certa esmeralda com um poder incrível e que jamais poderá cair nas mãos de Azkadellia. De volta à vida, DG é enviada por sua mãe para o outro mundo junto com dois robôs disfarçados de humanos que cuidam da menina até o dia em que a tempestade chega.

 A trama se desenrola com a irmã má, agora feiticeira e rainha de OZ, desesperada por saber o paradeiro de tal esmeralda e DG lutando para achar o artefato antes de sua irmã.

CORAGEM, CORAÇÃO E CÉREBRO!

Para ajudá-la em sua aventura, nossa protagonista, assim como no livro, conta com o auxílio de três amigos: Defeito, Rude e Cain. Ou, respectivamente, Espantalho, Leão e Homem de Lata. Defeito era conselheiro da rainha (a mãe) e metade de seu cérebro foi parar em uma máquina que a irmã de DG quer usar para estabelecer de vez a escuridão em OZ. Rude é um homem com um aspecto similar a um leão e que ‘lê’ os sentimentos das pessoas.  O terceiro é Cain, um Tin Man (homem de lata, em inglês), nome dado aos policiais a serviço da rainha, que viu sua mulher morrer e se separou de seu filho após Zero, fiel guarda de Azkadellia, descobrir que ele estava lutando contra seu reino.

Estranho? Pois bem, ainda temos Totó (fiel cão de Dorothy), mas em Tin Man virou um homem chamado Tutor, que entre outras coisas pode se transformar em um cachorro.

Por fim, temos o Homem Místico, que ao invés de ser uma farsa como o mágico de Oz, é apenas um homem dominado pelos vapores mágicos de Azkadellia, virando uma espécie de vidente que faz shows em teatros. A estrada de tijolos amarelos também aparece em Tin Man, e o beijo da Bruxa do Norte – aquele que a garota recebe de tal personagem antes de ir para a Cidade das Esmeraldas e que com tal marca ninguém ousará feri-la – é substituído por uma marca na mão esquerda de DG, feita por um robô.

Em uma das cenas finais, DG vai até um palácio mágico onde estão enterradas as gerações anteriores de sua família e consegue a esmeralda das mãos de sua ta-ta-taravó, ninguém menos do que Dorothy Gale, a personagem principal de L. Frank Baum, o que torna claro a intenção da minissérie de não ser apenas uma adaptação de O Mágico de Oz, mas também uma sequência da obra.

Elenco de Tin Man: Defeito (Allan Cumming), DG, Tutor
(Blu Mankuma, quando humano), Cain (Neal McDonough),
Rude (Raoul Trujillo) e Azkadellia

(Início do interlúdio 2) Segundo o universo de Tin Man, a verdadeira Dorothy Gale visitou Oz (ou OZ) durante a Era Vitoriana (1837-1901) – justamente o período em que o livro original foi lançado (1900) – e agora são seus descendentes  quem governam o país (Fim do interlúdio 2).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Elenco do clássico O Mágico de Oz (1939): Homem de palha
(Ray Bolger), Leão covarde (Bert Lahr), Dorothy (Judy
Garland) e Homem de lata (Jack Haley)

Focado nos efeitos especiais e no lado mais aventureiro, Tin Man não faz feio e consegue prender a atenção do telespectador. A trama, que a princípio parece confusa (e realmente ela demora a engrenar, o que acontece entre o fim do 2º episódio e o começo do 3º), consegue encaixar as peças de um roteiro um tanto quanto audacioso.

Com relação aos personagens, embora tente fazer um paralelo mais profundo com os originais – no livro, temos a clara impressão de que os amigos de Dorothy já possuem, antes mesmo de pedir ao mágico, aquilo que desejam tanto: o Leão sempre é corajoso, o Espantalho nunca deixa de ser esperto e o Homem Lata desde o começo mostra ter um coração enorme. Em Tin Man, Defeito não é sempre inteligente, a coragem passa longe de Rude e Cain, principalmente no começo, parece ter um coração de gelo.

O melhor é assistir à minissérie sem procurar fazer comparações com o original. São vários os elementos modificados, mas muitas são as referências a quem tiver essa curiosidade.

E se manter atual é, talvez, o lema que guiou o surgimento do livro, pois segundo o próprio L. Frank Baum, “(...) os antigos contos de fada podem ser classificados hoje como ‘históricos’ na biblioteca das crianças, pois chegou à época de uma nova série de ‘contos maravilhosos’ (...). A história do ‘maravilhoso Mágico de Oz’ foi escrita unicamente para as crianças de hoje (1900). Pretende ser um conto de fadas modernizado, em que o encanto e a alegria são mantidos, enquanto os sofrimentos e os pesadelos são deixados de fora”.

E é o que ao final de Tin Man concluímos, trata-se de uma sequência modernizada do original muito bem produzida, que não deixa de fora os sofrimentos e os pesadelos preteridos por Baum.

Trailer da minissérie:

TIN MAN – A NOVA GERAÇÃO DE OZ
Estúdio: RHI Entertainment/Sci Fi Original Pictures
Título original: Tin Man
País de origem: Estados Unidos
Ano de lançamento: 2007
Direção: Nick Willing
Roteiro: Steven Long Mitchell e Craig Van Sickle
Elenco: Zooey Deschanel (DG),  Kathleen Robertson (Azkadellia), Allan Cumming (Defeito), Neal McDonough (Cain), Raoul Trujillo (Rude) e Richard Dreyfuss (Homem Místico)

Minissérie observada por Tiago Oliveira.