“É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro, de posse de boa fortuna, deve estar atrás de uma esposa”.
Desta maneira, jocosa e inteligente, Jane Austen (1775 – 1817) inicia seu mais conhecido romance: ORGULHO E PRECONCEITO. Inglesa, de Steventon, teve uma vida tão, ou mais, intensa do que a de suas personagens, nunca se casando e sendo muita ousada para a literatura e para a sociedade de sua época.
Sua identidade como autora foi apenas revelada postumamente em 1917 por seu irmão – suas obras continham até então um breve ‘By a Lady’ (por uma dama, em inglês).
A seguinte Observação procura traçar um comparativo entre a obra mais popular da autora e duas de suas melhores adaptações, a série televisiva de 1995 e o filme de 2005.
MEUS SENTIMENTOS SÃO...
Esboço em aquarela e lápis de Jane Austen, que acredita-se ter sido feito por sua irmã Cassandra |
Orgulho e Preconceito é apontada como uma das obras do período pré-revolução das mulheres. Elas viviam em um período onde o casamento era praticamente a única forma de ascensão social da época, isso no início do século XVII.
O livro, assim como os demais da autora, é acima de tudo sobre discussões. Seja da posição da mulher na sociedade até classes sociais definidas não pelo dinheiro, necessariamente, mas por relações e localização.
Mas é necessário destacar que este não é o motivo pelo qual a história ainda segue como uma das mais lidas.
Muito do apelo da obra, segundo Vivien Jones, professora da Universidade de Leeds, “se deve, é claro, à sua heroína articulada e de pensamento independente”. E embora cumpra seu papel em uma versão de um enredo romântico familiar, Elizabeth Bennet:
“encarna um tipo muito diferente de feminilidade daquele da heroína romântica tipicamente passiva, vulnerável e infantilizada; sua astúcia e franqueza ao falar fazem dela a mais atraente das protagonistas de Jane Austen. Menos ingênua que Catherine Morland, mais vívida que Elinor Dashwood ou Fanny Price, não tão esnobe quanto Emma Woodhouse e mais jovem e segura que Ann Elliot, Elizabeth Bennet parece ligar-se mais diretamente à identidade ativa, visível e independente da feminilidade moderna” (pág. 11; trecho retirado do Prefácio de Orgulho e Preconceito da Penguin Companhia).
Ademais, as constantes adaptações da obra tem mantido viva a história na memória das pessoas. O efeito é semelhante com outros clássicos. O sucesso cinematográfico de O Senhor dos Anéis trouxe uma grande leva de leitores para a trilogia clássica até então desconhecida para eles. A grande audiência das séries televisivas Walking Dead – Os Mortos-Vivos e Guerra dos Tronos alavancou as vendas de suas obras de origem.
Orgulho e Preconceito já ganhou diversas adaptações. Apenas o canal inglês BBC produziu seis versões (1938, 1952, 1958, 1967, 1980 e 1995), enquanto que no cinema foram quatro (1940 [com Laurence Olivier], 2003 [releitura moderna da obra], 2004 [obra adaptada para o contexto indiano] e 2005). A Broadway também se rendeu a obra, retomando-a em três peças musicais (1959, 1995 e 2008). Isso sem mencionar as várias adaptações para o teatro e obras que direta ou indiretamente usam o livro como base (O Diário de Bridget Jones, Orgulho e Preconceito e Zumbis).
APRESENTAÇÕES
História: Ambientada na Inglaterra no início do século XIX, a obra segue a história das cinco filhas solteiras de Sr. e Sra. Bennet após o rico Sr. Bingley e seu amigo Sr. Darcy terem se instalado nas vizinhanças da sua propriedade. Enquanto Bingley se interessa imediatamente pela mais velha das irmãs Bennet, Jane, Darcy tem dificuldades em se adaptar à sociedade local, e entra em discórdia com a segunda das irmãs, Elizabeth.
Orgulho e Preconceito – Livro: Publicado pela primeira vez em 1813, começou a ser concebido em 1797 com o título ‘Primeiras Impressões’. A obra foi bastante elogiada por seu conteúdo popular e segue da mesma maneira até os dias de hoje. Em 2003, a BBC conduziu uma votação para o ‘UK's Best-Loved Book’ (Livro Mais Amado do Reino Unido), em que Orgulho e Preconceito ficou em 2º lugar, depois apenas de O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien. Em 2008, entre mais de 15.000 leitores australianos, a obra figurou como 1º em uma lista dos 101 melhores livros já escritos.
Orgulho e Preconceito – Série: Obra britânica em 6 episódios, produzida em 1995, adaptada por Andrew Davies do livro homônimo de Jane Austen e dirigida por Simon Langton. Jennifer Ehle e Colin Firth interpretam Elizabeth Bennet e Sr. Darcy nesta série produzida pela BBC, em parceria com a estadunidense A&E Network. É considerada pela Entertainment Weekly como uma das 20 melhores minisséries de todos os tempos.
Orgulho e Preconceito – Filme: Obra britânica de 2005, do gênero drama, dirigido por Joe Wright e com roteiro de Deborah Moggach, baseado no livro homônimo de Jane Austen. Keira Knightley interpreta a protagonista Elizabeth Bennet e Matthew Macfadyen o seu par romântico, Sr. Darcy. Foi lançada em 16 de setembro de 2005 no Reino Unido, e em 10 de fevereiro de 2006 no Brasil, sendo indicado ao Oscar em quatro categorias (Atriz, Trilha Sonora, Direção de Arte e Figurino).
Prossigamos agora com uma análise comparativa entre o livro original e suas duas melhores adaptações, a série de 1995 e o filme de 2005. Os motivos da escolha são: qualidade superior às demais e estarem em diferentes mídias.
Como mencionamos acima, cada uma das três versões foi produzida tendo em mente uma mídia específica e um público diferente. Duas delas são limitadas por seu formato: a série ainda é mais ampla por ter seis episódios de 55 minutos cada, mas deixa de fora comentários e observações específicas de personagens não-protagonistas; para o filme a tarefa é ainda pior, além de ficar sem os mesmos comentários e observações do livro, precisa condensar tudo em duas horas. Comecemos pelo filme, então.
ANALISANDO O FILME
A produção orquestrada pelo diretor Joe Wright (em seu filme de estreia; antes obtivera sucesso com a série vencedora do BAFTA, Charles II: The Power and The Passion) segue apenas os passos da protagonista Elizabeth, sendo pouquíssimas as cenas em que ela não está presente, e muitos personagens ficam de fora, enquanto outros têm sua atenção reduzida.
O que se perde?
Jane Austen não se limita a Lizzie em sua obra, ainda que ela seja o norte de tudo. Conhecemos bastante a fundo muitos dos personagens que, na história mesmo, tem uma participação menor. Caso do Sr. Bennet que, consta no livro, “era uma mistura tão peculiar de sagacidade, humor sarcástico, discrição e caprichos que a experiência de vinte e três anos ainda era insuficiente para que a esposa entendesse seu caráter”. No filme, o personagem vivido por Donald Sutherland fica limitado a curtas, embora importantes, passagens – como quando ajuda Elizabeth a livrar-se do matrimônio com o Sr. Collins e, no final, quando dá sua benção para o casamento dela com Sr. Darcy. Outro exemplo é a explicação para o título de Sir do Sr. Lucas (que aqui aparece totalmente descaracterizado).
Estão fora da história: Louisa Hurst, Sr. Hurst, Maria Lucas, Sr. e Sra. Phillips, os filhos dos Gardiners e vários oficiais militares e habitantes da cidade. Perdem muito espaço: Coronel Fitzwilliam e o tenente Wickham. Este último é importantíssimo para a história, pois é o responsável pela construção do perfil errático de Darcy para Lizzie, para os demais moradores de Longbourn e para os Gardiners. No filme, aparentemente, a única a saber do ‘lamentável’ estado que Wickham foi deixado é Lizzie, cabendo ao próprio Darcy e seu jeito arrogante criar sua imagem local ruim sobre sua pessoa.
O que se ganha?
O ponto alto é a bela escolha de cenários externos, tanto para os casarões quanto os campos. A imagem de Elizabeth admirando as montanhas ao longe, com o vento batendo em seu vestido, é deslumbrante. A escolha de Keira Knightley para o papel da heroína mostrou-se um grande acerto para o filme. A atriz possui a jovialidade, o sorriso cativante e, principalmente, o belo par de olhos tão admirados por Darcy na obra.
O recorte feito pela roteirista também é admirável. A história mantém sua essência e sua base, e encanta a quem conhece a obra apenas pelo filme, mas é nítido para os leitores do livro o quanto se perde. Além disso, algumas falas acabam na boca acabam na boca de outros personagens ou ditas em outra ocasião sem prejudicar o resultado final:
“‘Eu gostaria muito mais se os bailes’, respondeu ela, ‘fossem feitos de outra maneira; mas existe algo de insuportavelmente entediante no processo normal desses encontros. Sem dúvida seria muito mais racional se o principal fossem as conversas em vez da dança’” (no livro a frase é dita por Caroline Bingley; no filme cabe a Mary Bennet).
“‘Você é uma boa menina’; respondeu ele, ‘e sinto uma grande satisfação em pensar que estará muito bem casada e feliz. Não tenho dúvidas de que vocês se darão muito bem juntos. Os gênios não diferem em nada. São ambos tão cordiais que nada jamais se resolverá intempestivamente; tão tranquilos que todos os criados haverão de enganá-los; e tão generosos que sempre gastarão mais do que podem’” (no livro o Sr. Bennet diz a frase diretamente à filha Jane; no filme ela é dita a Sra. Bennet apenas quando estão na cama à noite).
ANALISANDO A SÉRIE
Muito menos conhecida que a versão cinematográfica, esta adaptação realizada por Andrew Davies teve muito mais impacto quando de seu lançamento, embora isto não tenha se sentido no Brasil, onde a produção chegou apenas recentemente.
O que se perde?
Muito pouco. A transposição para a televisão em seis episódios de 55 minutos permitiu a Davies abordar muito mais a obra do que o filme, com quase quatro horas a menos que a minissérie.
O que fica de fora são apenas comentários do próprio narrador e descrição mais ampla dos personagens feitas por Austen. E também uma mostra maior da relação especial criada entre Darcy e os Gardiner (que, segundo o livro, eram realmente amados por Darcy e Lizzie, afinal “ambos sempre demonstraram a mais calorosa gratidão pelas pessoas que, ao levá-la para passear em Derbyshire, haviam sido os artífices de sua união”).
O final é o único ponto que mostra elementos que deixam a desejar. Misteriosamente, Elizabeth não conta ao pai a verdade sobre Darcy e o Sr. Bennet deixa de dizer sua frase emblemática que conclui o filme perfeitamente também presente no livro: “Se houver mais algum rapaz esperando para falar de Mary ou Kitty, pode mandar entrar, pois agora estou livre”.
O que se ganha?
Diferente do livro, bastante focado em Lizzie, a série propõe mostrar um pouco mais Darcy. Nada demais, mas inclui uma cena em especial que não consta no original. Colin Firth, intérprete do personagem nesta versão, pula no lago e sai com a camiseta molhada. A cena tornou-se, segundo o jornal inglês The Guardian, um dos momentos mais inesquecíveis da história da TV britânica. A própria atuação de Firth é o ponto alto da obra e chega até mesmo a suplantar Jennifer Ehle, encantadora como Lizzie.
ANALISANDO O LIVRO
Como diz Vivien Jones,
“a técnica ficcional de Austen depende do leitor como intérprete ativo, e não apenas consumidor passivo, dos detalhes. Seus textos trabalhavam o pressuposto compartilhado de que nuances de linguagem, vestuário ou comportamento podem levar a determinadas implicações, como sinais relativamente claros de status social, pistas para a atitude moral de um personagem ou – algo mais problemático para o leitor moderno – referências consistentes aos termos e às questões que vinham sendo contestados nos debates culturais da época. Como seus protagonistas, Orgulho e Preconceito ocupa-se essencialmente de discussões”.
A autora é uma das poucas que consegue prender o leitor até o fim, mas, como nos mostra a professora acima, exige dedicação e atenção. Embora seja a base das comédias românticas atuais, tanto no cinema quanto na literatura, a obra de Austen era muito mais profunda e ousada. Seus personagens fogem ao básico primeiro amor. A relação entre Darcy e Lizzie no começo do livro é puro ódio, conforme menciona Marilyn Butler, professora de Cambridge e biografa da autora (conforme informação do blog Pensata, de João Pereira Coutinho). “Elizabeth despreza a arrogância de Darcy sem perceber que essa arrogância, às vezes, é uma forma de defesa: o amor assusta mais do que todos os fantasmas que habitam o coração humano. Darcy despreza Elizabeth porque Elizabeth é uma ameaça ao seu conforto social e até sentimental. Elizabeth e Darcy não são personagens distintos. Eles são, no seu orgulho e preconceito, personagens rigorosamente iguais”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há mais semelhanças e diferenças entre o filme e a minissérie além das informações mencionadas acima, mas não envolvem necessariamente a história em si. Após a produção televisiva Colin Firth e Jennifer Ehle engataram um romance na vida real que durou pouco. Curiosamente Keira Knightley também se envolveu com um colega de elenco, mas sua preferência recaiu sobre o intérprete do vilão da história, Wickham, vivido no filme por Rupert Friend, que também acabou não perdurando.
Nos dois casos também é possível afirmar que, diferente do livro e do que a Sra. Bennet tanto afirma, a atriz escolhida para Elizabeth é mais bonita que a atua como Jane.
Livro, minissérie e filme. Difícil dizer qual é o melhor, visto que cada um é feito tendo em mente um fim. Nas duas adaptações aqui analisadas é possível identificar os elementos da obra original. O filme consegue transformar tudo de maneira rápida e dinâmica, além de nos apresentar paisagens maravilhosas. Já a minissérie prova que é possível seguir a risca uma obra com uma adaptação extremamente fiel.
Mas é claro que o livro sempre será mais denso, e o talento reconhecido de Austen dificulta ainda mais a escolha pelas adaptações.
Fica nas mãos do leitor/espectador afinal escolher qual a melhor. Para mim, independente de quem assuma o título, o melhor é certa passagem do livro que felizmente foi fielmente reproduzida tanto em um quanto no outro:
“A senhora Bennet tocou a sineta, e a senhorita Elizabeth foi chamada à biblioteca.
‘Venha cá, filha’, exclamou o pai quando ela apareceu. ‘Mandei chamá-la para um assunto importante. Fiquei sabendo que o senhor Collins lhe fez uma proposta de casamento. É verdade?’ Elizabeth respondeu que sim. ‘Muito bem – e essa proposta de casamento, você recusou?’
‘Recusei, senhor’.
‘Muito bem. Agora chegamos ao ponto. Sua mãe quer que você aceite. Não é isso, senhora Bennet?’
‘Sim, ou nunca mais olho para ela’.
‘Elizabeth, você tem diante de si uma infeliz alternativa. A partir de hoje será uma estranha para um de seus pais. – Sua mãe nunca mais olhará para você se não se casar com o senhor Collins; e eu, se aceitar se casar’” (pag. 225).
Ponto para o Sr. Bennet!
Confira o trailer do filme:
Confira o trailer da minissérie:
ORGULHO E PRECONCEITO - LIVRO
Título original: Pride and Prejudice
Autores: Jane Austen
Editora: Penguin Companhia
Páginas: 576
Ano de lançamento: 2011
ORGULHO E PRECONCEITO - FILME
Título original: Pride and Prejudice
País de origem: Inglaterra
Ano de lançamento: 2005
Roteiro: Deborah Moggach
Direção: Joe Wright
Elenco: Keira Knightley (Elizabeth Bennet), Matthew Macfadyen (Sr. Darcy), Brenda Blethyn (Sra. Bennet), Donald Sutherland (Sr. Bennet), Rosamund Pike (Jane Bennet), Jena Malone (Lydia Bennet), Tom Hollander (Sr. Collins), Judi Dench (Lady Catherine de Bourg), Rupert Friend (Wickham), Simon Woods (Sr. Bingley)
ORGULHO E PRECONCEITO - MINISSÉRIE
Estúdio: BBC e A&E Network
Título original: Pride and Prejudice
País de origem: Inglaterra
Ano de lançamento: 1995
Direção: Simon Langton
Roteiro: Andrew Davies
Elenco: Jennifer Ehle (Elizabeth Bennet), Colin Firth (Sr. Darcy), Susannah Harker (Jane Bennet), Alison Steadman (Sra. Bennet), Benjamin Whitrow (Sr. Bennet), Crispin Bonham-Carter (Sr. Bingley), David Bamber (Sr. Collins), Adrian Lukis (Wickham), Barbara Leigh-Hunt (Lady Catherine de Bourg)
Bem,
ResponderExcluirNão sei se conseguiria dizer entre o filme e o livro qual eu mais gostei visto que eu li porque assisti, então minha ânsia para saber como tudo aconteceria, é ainda maior.
Não assisti a série ainda, mas quanto ao filme posso dizer que mesmo que várias falas e personagens não terem aparecido, toda a essência necessária foi transmitida. Eu senti verdadeiramente o Orgulho e Preconceito de ambos e também o amor entre eles, o final foi belíssimo, não precisou de uma grande cena de amor para mostrar isso, apenas ele acariciando seu rosto e ela lhe beijando a mão foi algo de realmente derreter o coração.
Gostei muito da análise, uma das mais detalhadas que já li.
Aproveitando, veja a minha análise sobre o livro e sobre sua paródia, os 50 tons do Sr. Darcy. xD
http://me.lt/3Apim
http://me.lt/3ApQL
Você sabe que o filme tem um final alternativo para os Estados Unidos? Como para os estadunidenses filme romântico tem beijo, o diretor o fez desta maneira. Mas prefiro como a versão comum termina, mostrando que é possível romancear sem beijar. O livro mesmo é assim...
ExcluirVou ler sim. E quanto a sátira, já leu Orgulho e Preconceito e Zumbi? Eu li e detestei...rs.
Beijos.
Oi moço...
ResponderExcluirAdorei a análise, profunda e detalhada, e também gostei do seu "fragmento favorito" com a participação especial do Sr. Bennet. Também separei dois momentos que são os meus favoritos. Inclusive já tinha lido a análise na sexta, mas queria assistir novamente ao filme (na verdade, partes dele) antes de fazer minha postagem.
Sou apaixonada pela ironia e perspicácia da personagem Elizabeth Bennet, por isso destaquei dois fragmentos em que isso ocorre. São um pouco longos, mas eu gostaria de compartilhar, pois são especiais para mim:
1º MOMENTO:
Sr. Bingley: Nunca vi tantas moças bonitas.
Sr. Darcy: Você estava dançando com a única moça bonita.
Sr. Bingley: Ela é a mais bela criatura que já vi. Mas sua irmã Elizabeth é encantadora.
Sr. Darcy: Perfeitamente tolerável. Não é bonita o bastante para me tentar.
(...)
Sr. Darcy: Então o que recomenda para despertar a afeição?
Elizabeth: Dançar. Mesmo que o par seja apenas tolerável.
2º MOMENTO:
Sr. Collins: Que aposento soberbo e que batatas excelentes. Faz muitos anos que não provo tão exemplar vegetal. Qual das formosas primas devo cumprimentar pela excelência na cozinha?
Sra. Bennet: Podemos perfeitamente pagar uma cozinheira.
Sr. Collins: Excelente. Fico muito satisfeito em saber que vivem bem com suas posses.
(...)
Tenho a honra de ter como protetora Lady Catherine de Bourgh. Já ouviram falar dela, presumo.
(...)
Sra. Bennet: Ela tem parentes?
Sr. Collins: Uma filha, herdeira de Rosings e de grandes propriedades. Sempre digo à Lady Catherine que sua filha parece ter nascido para ser uma duquesa, pois tem todas as qualidades superiores da alta sociedade.
Estes elogios são sempre bem-vindos para as senhoritas, e considero-me particularmente determinado a lhes oferecer.
Sr. Bennet: Estes galanteios provém do impulso do momento pu são resultado de estudo anterior?
Sr. Collins: Eles surgem conforme o momento. E apesar de às vezes eu me divertir elaborando tais pequenos elogios, sempre desejo transmitir-lhes um ar o mais espontâneo pissível.
Elizabeth: Oh, acredite-me, ninguém suspeitaria que suas maneiras fossem ensaiadas.
Particularmente, prefiro a versão dublada dessa última fala: Oh, acredite-me, ninguém suspeitaria que sua cortesia é ensaiada.
Claro que gosto de várias outras passagens como aquela em que a Lizzie está tocando piano em Rosings Parks e diz ao Sr. Darcy que ele precisa "praticar" ser mais sociável. Adoro essas respostas cortantes da protagonista.
Quanto à minissérie, infelizmente não assisti (você poderia me emprestar?). O livro eu já li, mas já faz muito, muito tempo, então já estou colocando-o na lista de leituras de 2013.
ps: concordo plenamente que as atrizes escolhidas para interpretar a personagem Elizabeth são mais bonitas e também concordo que é possível romancear sem beijar. Aliás, falando no final do filme, adoro quando o Sr. Bennet pergunta para a Lizzie com os olhos já marejados: Você o ama de verdade, não é? ... Lindo, lindo, lindo. Os olhos fazem confissões mais sinceras, inclusive quando a Lizzie diz que a última pessoa com quem ela casaria é o Sr. Darcy, os olhos dela desmentem totalmente suas palavras. Puro orgulho e preconceito!
beijos
Obrigada por essa linda análise
AC
Olá, moça!
ExcluirSempre fico muito feliz por ler suas anotações, porque são sempre cheias de mesclas de apontamentos pessoais e sobre o texto. Meu personagem favorito é mesmo o Sr. Bennet, não tem jeito, mas adoro as respostas rápidas da Lizzie também.
Tem muitos trechos excelentes na obra, mas não dava para colocar tudo aqui. Os dois que você selecionou caem neste caso, parabéns!
Empresto e recomendo a minissérie, justamente por ser uma visão diferente da mesma história. E já que é para finalizar com uma citação, adoro o final do filme quando o Sr. Bennet diz: "Se houver mais algum rapaz esperando para falar de Mary ou Kitty, pode mandar entrar, pois agora estou livre".
Beijos e obrigado pela leitura.
TS
Acho tão equivocado sempre julgarem o final alternativo do filme por causa do beijo quando na série também há um beijo no final, após o casamento duplo. Então a questão é que o beijo no filme não presta e o beijo na série é ótimo?
ResponderExcluirNunca entendi pq se julga tão diferentemente o mesmo tipo de cena.
Olá, Ana. Obrigado pelo seu comentário!
ExcluirNão vejo desta maneira, o que eu quis dizer é que o filme simplesmente não precisa de tal cena para mostrar-se romântico. A tal cena, pelo que li em uma entrevista do diretor, foi retirada do filme pois não agradou aos ingleses e a versão ficou assim para o resto do mundo. Não há nenhuma outra explicação para tal fato (pelo menos, não encontrei).
Honestamente, gosto de como o filme termina. Com o Sr. Bennet e sua frase. Acho que fica um final mais digno do que com aquela cena alternativa.
Quanto a série, não gosto do final com o casamento duplo (não por ter beijo, mas acho a ideia ruim). Agora não me recordo se no livro tem essa cena...mas enfim...o problema não é ter ou não o beijo, é como a cena é executada.
Abraços.
Tiago, desculpe pela minha explosão de bile, de verdade, fui muito malcriada, lol. Conheço vários foruns onde há brigas homéricas entre quem prefere a minissérie e quem prefere o filme. Brigas feias, heaheahea. E o principal motivo que as cultoras da série usam para desqualificar o filme é sempre a cena alternativa.
ResponderExcluirNa verdade você foi notavelmente imparcial na sua análise das duas obras e eu concordo com quase todos os seus pontos.
Não gosto da série especialmente pela atriz, acho a atuação da Jennifer Ehle muito afetada e superficial. Ela me passa uma Elizabeth esnobe, o que pra mim, é a anti Elizabeth. Como vc acho a descontração e espontaneidade da Keira Knightley perfeita para a personagem. Realmente prefiro o filme pela unidade que ele passa, eu sinto a alma da Jane Austen no filme e não tanto na série.
E parece que você adivinhou o que acho sobre o final da série - aquele casamento duplo e o beijo xoxo na carruagem foi totalmente anti-climática e desnecessária. Concordo que foi mal-executada.
Engraçado que o que me agrada na cena alternativa do filme é mais o clima de intimidade e a conversa entre Lizzie e Darcy. Sempre nos sentimos meio 'donos' de personagens queridos e aquele diálogo terno e irônico me pareceu algo que Lizzie diria para Darcy, mais por isso que gosto dele do que pelo beijo.
Ah, o livro termina com uma breve narrativa, contando o destino dos personagens: Lydia e Wickam sempre pedindo dinheiro para Jane e Lizzie. Mary acabando fazendo mais aparições sociais por conta de sua maior amizade com Kitty. Lady Catherine indo visitar Pemberley para arrumar defeitos na Elizabeth como senhora da propriedade e os Gardiners sempre amados pelo casal Darcy por terem unido os dois na viagem ao Derby. Gosto muito desse final, de como Austen conclui tudo satisfatoriamente.
ResponderExcluirSou mto fã da JA... E obrigada pela chance de falar dela no seu tópico.
abraço
Ana, meu blog é um espaço aberto da você dar as suas opiniões sempre que sentir vontade. Considere-se mais do que convidada para voltar em outra ocasião (aliás, quero voltar a falar das obras da Jane em outra ocasião...o que me diz de um texto seu? Gosta de escrever? Adoro opiniões que geram debates interessantes como este).
ExcluirNão sabia dessas discussões sobre o final do filme, mas não costumo procurar muitas informações em fóruns ou coisas assim quando vou escrever os textos do blog. Não porque não gosto, mas para tentar dar uma opinião mais pessoal. Embora, como bem pontuou, exceto o fato de deixar claro que gosto de O&P, não deixei claro sobre qual versão é a minha favorita. Ao menos não no texto. Tentei ser imparcial sim nas comparações.
Mas, se quer mesmo minha opinião, o problema da série é um problema bom. Colin Firth está sensacional como Darcy. A mudança de perfil dele é mais nítida que a do Matthew Macfadyen (mesmo assim gosto dos dois atores, o segundo tem um filme ótimo chamado Um Refúgio no Passado, já viu?).
Abraços.
Demorei, mas consegui finalmente ler =)
ResponderExcluirBem, eu nunca assisti a minissérie então não posso fazer uma análise sobre ela e o filme, o que posso comparar é o filme e o livro.
Como você disse o filme deixa alguns personagens de lado, alguns nem ao menos mencionados, mas a essência do enredo permanece igual. Quem fica imune ao gênio do cão da Lizzie?! Eu como centenas de pessoas tomamos as dores dela em relação ao Mr. Darcy e quem não ficou boquiaberto quando ela fala que não quer casar com ele na melhor cena de amor e ódio de todos os tempos. Aquela cena é a minha preferida, assim como o final que ele fala que ela enfeitiçou seu corpo e alma.
Acho que a questão do filme e do livro é a independência da personagem, mesmo quando a sociedade era totalmente machista, ela estava decidida a não casar sem amor e nem os caprichos de sua mãe fez com que ela aceitasse isso. Nesse ponto me pego a comparando com a própria Jane Austen. A autora também não se casou quando teve oportunidade, pois não amava o pretendente. Ela preferiu morrer sozinha do que viver em um casamento infeliz, quais mulheres tiveram coragem de fazer isso naquela época?! O pior estava decidida a viver dos seus romances, que no início eram vistos com certo descaso.
Se comparado com as outras personagens de Jane Austen Lizzie é sem dúvida a minha preferida, as outras são dependentes, inseguras e mimadas. Sempre assombradas com o desejo de se casar e alcançar as expectativas da sociedade e família.
Amei o post com informações que eu desconhecia e até essa versão indiana, se vc ainda não assistiu tem no Netflix. Ainda não parei para assistir, mas parece ser engraçada pelo jeito.
Beijos e espero mais posts sobre as obras da Jane Austen
Olá, moça. Primeiramente, agradeço muito por ter lido meu texto. Um feedback (fã da obra que eu inescrupulosamente ouso abordar em meus textos) como o seu é muito especial para mim.
ExcluirRealmente, muito de Austen foi reproduzido em Lizzie. Toda esta questão libertária, individualista, a frente do seu tempo eram características da própria autora. Tem um documentário inglês que aborda isso (Miss Austen Regrets), inclusive mostrando todos os 'quase' casamentos dela.
Eu já vi o Noiva e Preconceito no Netflix, mas nunca assisti. Mas já tive o prazer de assistir alguns filmes indianos muito bons. Vou incluí-lo na lista para os próximos meses.
Beijos.
obs.: agora quanto a um novo texto da Jane vai demorar um pouquinho, este gastou bastante dos meus conhecimentos (embora o retorno foi muito positivo...vide os comentários acima)....rs.
Parece ser um bom livro. Valew pela dica. Gostei muito da análise. Pretendo lêr.
ResponderExcluirOlá, Ygor. Fico muito feliz que gostou, este foi um dos textos em que mais me aprofundei no meu objeto de análise. E leia sim, você não vai se arrepender. Abraços.
ExcluirComo que acaba o fim do filme , baixei mais acho que não veio completo '-'
ResponderExcluirComo todo romance...rs. Tente baixar novamente ou, se preferir, no Netflix tem! Abraços e obrigado pelo comentário.
ExcluirOlá, não sei se você irá ler ainda, mas não custa tentar. Estou fazendo um trabalho e sua análise me ajudou ainda mais, apesar de eu ja ter visto o filme incansáveis vezes!
ResponderExcluirO que me deixou mais satisfeita foi ver que mais pessoas concordam que no filme elizabeth é bem mais bonita, pois realmente acho a loira que dizem ser a mais encantavel, sem sal kkkk, mas quem sou eu para criticar? Enfim, queria dizer que o filme, além de cativante é um tanto, a frente do tempo de Jane realmente, sempre quis fazer boas análises, mas isso vai além da minha capacidade, eu amo o filme, porém, acho que isso de ressaltar diversas vezes a beleza de Jane, se torna um tanto quanto irritante, mas em compensação, as frases ditas por Lizzie e a química enfre ela e Darcy fica nítida, os olhares e palavras expressam realmente o orgulho e preconceito que a própria sociedade impõe, mas mostra também que no final ambos passam por cima, pretendo ver a minissérie, parabéns pela análise sensacional❤️