A Recompensa (The Reward) | O maior tesouro de todos

A história é bastante simples:

“Inspirado em sonhos de glória e fama, dois jovens garotos partem para a caça ao tesouro de suas vidas”.

Não saberemos os nomes dos dois. Não há diálogos. Grunhidos, às vezes. Mas há diversão garantida para quem tem o prazer de assistir este brilhante curta-metragem animado bastante inspirado em mundos de RPG (sério, os realizados até colocam Pokémon e Dungeons and Dragons nos agradecimentos especiais!).

O mais surpreendente é que a animação A RECOMPENSA (THE REWARD, no original) é o trabalho de graduação de seus realizadores (os diretores Mikkel Mainz  Elkjær e Kenneth Ladekjær, além de seus colaboradores) na escola de animação dinamarquesa The Animation Workshop.

Acompanhe-nos nesta aventurosa Observação e fature seu próprio tesouro ao final.

A AVENTURA NUNCA ACABA

Dois garotos parecem não ter muito o que fazer em um pequeno vilarejo até que um bonachão herói aparece e leva uma moça local na garupa de seu cavalo. Não se sabe se de propósito, mas ele deixa cair um mapa com um X anotado. Os dois jovens não parecem dispostos a dividir e acabam rasgando o mapa no meio, logo a única forma de seguirem em frente será se unirem.

O curta-metragem, a partir deste ponto, engata uma série de aventuras em que os protagonistas descobrirão se estão nessa pela amizade ou apenas pelo mérito final, o misterioso tesouro marcado no X do mapa.

O tipo de animação utilizada lembra bastante a escola europeia, pouco preocupada com a realidade dos traços, e principalmente obras como As Bicicletas de Belleville e O Mágico, ambos de Sylvain Chomet. Sua trama, entretanto, nada tem das reflexivas histórias mencionadas, partindo para um enfoque na ação e aventura, ou seja, neste ponto mais próximo ao padrão estadunidense.

Essa mescla nos leva a um mundo semelhante de Caverna do Dragão (Dungeons and Dragon, no original) em termos de história, ao mesmo tempo em que nos permite vislumbrar belas imagens em um estilo diferente do que estamos acostumados.

UNIDOS VENCEREMOS

Interessante notar na obra a personalidade dos dois protagonistas. O ruivo é um ‘bon vivant’ – em sua primeira cena ele aparece cantando uma bela morena, que acaba nas mãos do cavaleiro misterioso e dono original do mapa – e mais bem humorado; já o loiro é mais centrado, sério, gosta de ler e não perder tempo com bobeiras, como bebida e festas.

As armas que encontram denotam também parte desta personalidade: a espada é uma arma mais séria e necessita do total controle de seu usuário para atingir o inimigo; já a magia permite mais um ar mais extrovertido, é necessário entender seus fins, mas não sua exatidão.

A disparidade entre eles é tanta que o loiro começa a estranhar quando passa a gostar do seu agora parceiro de aventuras.

Mas o momento da virada é quando um deles (o ruivo) está no bar, curtindo as vitórias até então, e acaba se descuidando demais e revela o mapa para outros frequentadores. Isso inclui um grupo de malfeitores que tentam roubar-lhes os papéis. Em uma batalha sangrenta, o loiro perde dois dedos e se decepciona em seguida por se esforçar tanto para manter o segredo entre eles, enquanto o outro se esbalda em bebidas e nem percebe o que se passou. É o ponto alto do curta e o ponto de virada, porque a partir daí é que os dois notam a importância de se manterem juntos e fieis.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O final de A Recompensa é um tanto curioso. O que eles acharam afinal? Será que chegaram mesmo a encontrar o tesouro atrás do espelho ou apenas se contentaram com o espelho?

O término do curta nos faz refletir sobre outra coisa: depois de tantas aventuras que viveram juntos, haveria necessidade de um tesouro no X? Ao meu ver, o maior prêmio não é bem um tesouro, é como diz o próprio título da obra, é uma recompensa. E que recompensa melhor do que um amigo verdadeiro que esteve ao seu lado em todos esses momentos?

E creio que entenderam o recado, tanto que repassam o misterioso mapa para dois jovens aparentemente não tão amigos assim. Resta a eles agora entenderam o X da questão também.

Confira o curta-metragem:

A RECOMPENSA
Estúdio: The Animation Workshop
Título original: The Reward
País de origem: Dinamarca
Ano de lançamento: 2012
Direção: Mikkel Mainz  Elkjær e Kenneth Ladekjær
Roteiro: Mikkel Mainz  Elkjær, Kenneth Ladekjær, Glenn August, Jonas Andreassen, Josefine Hannibal, Karen Agerbo Bennetzen, Ole Christian Løken, Paolo Giandoso e Tanja Hass Nielsen