Palavras que resumem bem o mangá METRÓPOLIS.
Criado por Osamu Tezuka (Astro Boy, Black Jack) e publicado, em volume único, em 1949, Este mangá mostra a saga de Michi, um robô com superpoderes e com um ‘coração’ bondoso, que se transforma, ao fim da história, em uma ameaça à humanidade.
Essa Observação vai mostrar como a obra de Tezuka, embora lançado há mais de 60 anos, continua atual ao abordar o papel da ciência na humanidade.
MAIS HUMANO QUE OS HUMANOS
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Osamu Tezuka (1928 - 1989), autor de vários clássicos mangás japoneses |
A narrativa no mangá é focada em Michi. No começo ele não sabe que é um ser artificial, na escola se mostra “mais humano que os humanos”, como ressalta seu amigo Kenichi. Mas, no fim, ao descobrir toda a verdade de sua origem, se revolta e pretende fazer a humanidade pagar por seu sofrimento.
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Cartaz do filme Metropolis (1927), de Fritz Lang |
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Metrópolis de Osamu Tezuka |
Superman inspirou Tezuka a fazer um Michi que voa. A própria Metrópolis tem sua arquitetura inspirada em cidades americanas como Chicago e Manhattan. O nome científico dos ratos é ‘Mikimaus Waltdisneus’ e até Sherlock Homes participa da trama! Sem falar na revolta dos robôs no navio, a meu ver, inspirada no famoso filme O Encouraçado Potemkin, do cineasta russo Serguei Eisenstein.
RATOS E ABELHAS GIGANTES!
Metrópolis foi lançado em 1949. Quatro anos depois do Japão sofrer os ataques nucleares americanos em Nagasaki e Hiroshima. Era, portanto, o começo da era nuclear e a humanidade ainda estava digerindo os efeitos nocivos da radiação. As gigantescas abelhas, ratos e até uma minhoca medindo 20 quilômetros que aparecem na obra, são exemplos de uma época em que o pavor das bombas atômicas estava mais vivo do que nunca.

A primeira parte do mangá mostra como os dinossauros foram extintos e como a raça humana virou a dominante no planeta. A questão feita ao leitor é se algum dia os homens vão se extinguir por causa de seus próprios avanços científicos. Tezuka faz uma crítica à energia nuclear e ambição desenfreada dos cientistas em imitar a vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Se há um país que sofreu e ainda sofre com os avanços científicos da humanidade, quando são usados de maneira errônea, é o Japão. A reflexão em Metrópolis, não deixou de ser atual. A discussão do papel da ciência e até onde o ser humano pode chegar com ela continua válida. Vale a pena, por exemplo, apostarmos na energia nuclear e corrermos o risco de acidentes como os de Chernobyl e Fukushima? O preço pago pelo nosso desenvolvimento pode ser a nossa extinção.

O mangá de Tezuka toca no tema dos clones e do desenvolvimento de robôs cada vez mais parecidos com o homem, assim como a inteligência artificial. A obra não envelheceu. Ao contrário, venceu a prova do tempo. Metrópolis pode muito bem ser qualquer megalópole. Seja ela em 1949, 19XX ou 2013.
METRÓPOLIS
Título original: Metropolis
Roteiro e arte: Osamu Tezuka
Tradução: Rafael Makeda
Editora: New Pop
País de origem: Japão
Ano de lançamento: 2010
HQ observada por Tiago Oliveira.
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