Lex Luthor - Biografia não autorizada | Nem sempre vale a pena procurar saber

Biografias não autorizadas deviam ou não ser permitidas?

Você pode pensar que a polêmica de aceitar ou não que jornalistas e escritores revelem os bastidores da vida de celebridades é recente, mas nos quadrinhos uma boa história sobre o tema é datada de 1989: LEX LUTHOR – BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA.

Em meio ao mundo de quadrinhos, cinema e animação, o antigo inimigo de Superman já teve várias facetas. E embora em alguns momentos possa ter sido herói, sua essência é de eterno vilão do primeiro super-herói. Mas não um vilão qualquer, é poderoso o suficiente para evitar sempre ao máximo envolver-se diretamente em seus negócios escusos.

Biografias não autorizadas podem não ser permitidas no Brasil, mas são totalmente livres em outros países, como os Estados Unidos. E se alguém tivesse interesse pela vida de Lex Luthor, mas considerasse contá-la de forma não oficial? Quais as consequências?

Confira isso e mais na Observação desta interessante história.

HISTÓRIAS QUE NÃO DEVEM SER CONTADAS

Peter Sands é um jornalista que já teve certo nome (ao menos é o que ele diz, “afinal, sou um bom repórter. Já consegui muitos furos”. Ainda assim, Clark Kent, um dos principais jornalistas do Planeta Diário, afirma não conhecê-lo). Hoje se encontra afundado na bebida, sem dinheiro para pagar as contas, cada vez em volume maior.

Diante de diversas recusas, Sands recebe uma intrigante proposta de uma editora, lançar uma nova biografia, uma vez que seu livro O Assassinato de Marilyn Monroe tinha sido um sucesso. Eis que ele rapidamente afirma sim ter uma nova ideia em mente: Lex Luthor! “Vai ser... bom... uma biografia não autorizada”.

No desenrolar da trama, o jornalista navega no tortuoso mundo do maior vilão de Metrópolis. Mas desde o início já sabemos o fim que teve, não sabemos apenas o como. Logo nas primeiras páginas descobrimos Clark sendo interrogado por policiais-detetives, sendo claramente acusado de matar o colega de profissão.

O grande X da questão é o que aconteceu e o que exatamente Sands descobriu.

COMO INICIAR UMA BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA

Mais do que uma história de ficção, Lex Luthor – Biografia não autorizada é uma aula sobre como contar a história de alguém sem ter a devida permissão da pessoa. Mas lembre-se, por se tratar de uma ficção, permite alguns excessos.

“Eu começo a caçar meu material-base na biblioteca municipal. Luthor escreveu uma autobiografia anos atrás. Por sorte, encontrei um exemplar. ‘Simplesmente brilhante’. Quanta modéstia. Naquela época ele ainda tinha cabelo. Os arquivos de microfilme me fornecem anos de reportagem. Lex vivia ocupado...

Como todo ricaço que se preze, ele posava de filantropo. Ao longo dos anos, a empresa dele realizou incorporações quase napoleônicas. Bilionários que se fizeram do nada nunca chegam ao topo sem segredos nefastos. Deve ter muita sujeira escondida. O negócio é descobrir onde.

Vou tirar cópia de tudo. Em algum lugar nas entrelinhas, estão as pistas que podem me guiar”.

É notável que biografias não autorizadas costumam caracterizar-se por mostrar um lado das personalidades que não conhecemos, principalmente contando polêmicas. Como, por exemplo:

- Tom Cruise – Biografia não autorizada, de Andrew Morton: livro narra a relação do ator com a Igreja da Cientologia e seus comportamentos aparentemente bizarros.

- Marilyn e JFK, de François Forestier: livro mostra Kennedy e Marilyn como ninfomaníacos e viciados em drogas.

- Angelina, de Andrew Morton: livro traz fotos da mulher do ator Brad Pitt nua e consumindo drogas no passado.

- Guia politicamente incorreto do Brasil, de Leandro Narloch: livro procura dar uma nova visão sobre a história de grandes nomes da história do país, afirmando, entre outras, que Santos Dumont não foi o inventor do avião, que Zumbi dos Palmares tinha escravos, que os portugueses ensinaram os índios brasileiros a preservar as florestas.

Em sua versão da história de Lex, assim como os mencionados acima, Sands também tentou descobrir os podres do personagem para relatar em sua biografia. Tais como seu envolvimento na morte dos pais, participação no mundo das drogas, acordo com a máfia, etc.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

“Não restava dúvida de que Luthor tinha matado os pais pelo seguro. Ele deve ter subornado o mecânico pra fraudar o laudo do acidente. Na certa, prometeu uma boa parcela do prêmio. Provar isso vai ser impossível... mas quem precisa provar alguma coisa? Afinal, eu sou um jornalista”.

Vamos dizer que a frase acima não leva em consideração todos os biógrafos, caso contrário suas reputações iriam por água abaixo. Mas é fato que diante de uma obra polêmica ficaremos sempre entre a verdade do autor e a verdade do biografado. Afinal, por mais que o jornalista/escritor tenha chafurdado a vida do seu objeto de pesquisa fica difícil afirmar que ele tem 100% da veracidade.

Além disso, em uma obra autorizada, o biografado pode limitar-se a esconder o que achar mais incômodo em sua história. Vide aí a polêmica em que nos encontramos.

Mas acho que no final vale a decisão do leitor de acreditar em quem quiser.

LEX LUTHOR – BIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA
Título original: Lex Luthor – The unauthorized biography
Roteiro: James D. Hudnall
Desenhos: Eduardo Barreto
Cores: Adam Kubert
Editora: Mythos
Ano de lançamento: 2003
Quantidade de páginas: 54

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