Dignidade! | Eu queria acordar e descobrir que o mundo era perfeito!

Tomo a liberdade de iniciar este texto com uma frase do filósofo alemão Friedrich Nietzsche:

“Quando nossa vida se torna plena de sentido, de uma hora para outra os esforços já não são cansativos, e sim passos necessários em direção à meta que estabelecemos”.

O trabalho da organização Médicos Sem Fronteiras começou em 1971, na França, com um grupo de jovens médicos e jornalistas visando levar assistência médica às populações necessitadas. No meio do caminho também denunciou crises ignoradas pelas mídias internacionais, abusos e violências que corroem cidades e países com a total indiferença da opinião pública.

Por tais esforços, a MSF foi laureada com o Prêmio Nobel da Paz em 1999. O trabalho ainda não acabou e continua até os dias de hoje.

DIGNIDADE!, escrito por nove escritores, relata parte do empenho desta organização. Esta breve Observação faz o mesmo.

A VIDA QUE NÃO VIVEMOS

“‘Eu vou contar sua história’, respondo. Mas eu e ela conhecemos o mundo o suficiente para saber que dificilmente ela será salva. Sonia e eu sabemos que o mundo não se importa, nem com ela, nem com os seus. Que o mundo nem sequer a vê”.

MSF no Congo

A Sonia em questão é uma garota de onze anos marcada pela Doença de Chagas. Ela e muitos outros personagens recheiam um livro difícil de ler, não pela narrativa, mas pelo sofrimento constante. Dor, fome, doenças... é como ver um mundo distante para nós, seres acostumados com civilização, trânsito, trabalho, cidade, barulho.

Este é apenas um episódio mencionado no livro. Abaixo a lista de todos eles com um breve resumo:

1. Viagem ao coração das trevas
Autor: Mario Vargas Llosa
Relato do escritor sobre a situação precária em cidades do Congo.

2. Os vampiros da realidade só matam pobres
Autor: Eliane Brum
Histórias de vida de três mulheres com a Doença de Chagas

3. Phool gobi quer dizer couve-flor
Autor: Paolo Giordano
A desnutrição em Bangladesh aos olhos de uma voluntária da MSF

4. Khayelitsha, Cidade do Cabo
Autor: Catherine Dunne

MSF em Alagoas, Brasil

História de voluntários da MSF trabalhando contra a Tuberculose e o HIV na África do Sul

5. A proposta
Autor: Alicia Giménez Bartlett
Acompanhamos a escritora em sua missão de encontrar imigrantes em situação irregular nos guetos da Grécia.

6. Makass
Autor: James A. Levine
Narrativa fictícia, mas com personagens e eventos reais envolvendo pessoas com Aids no Congo.

7. Minha vida como uma bolsa
Autor: Esmahan Aykol
A pobreza e o sofrimento de pessoas com Aids no Maláui pelos ‘olhos’ de uma bolsa. Uma metáfora de como as pessoas de fora veem casos assim.

8. Uma cidade chamada Mon
Autor: Tishani Doshi
As dificuldades e os desafios no atendimento da MSF em Mon, na Índia.

MSF no Líbano

9. As alturas de Tanganica
Autor: Wilfried N’Sondé
O atendimento 24 horas à mulheres no centro da MSF em Burundi.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

“Médicos, enfermeiros e auxiliares das organizações humanitárias são pessoas jovens, idealistas, que fazem um trabalho difícil em condições intoleráveis, esmagadas pela magnitude da tragédia que tratam momentaneamente de aliviar”.

Uma vez neguei ajuda a MSF. Não fiquei amargurado depois. Tenho minha defesa e também não gostei do argumento utilizado pela voluntária que me abordou: “aquelas crianças podiam ser as suas”. Não gosto quando nos forçam a doar, contribuir com alguma organização neste sentido tem que ser algo que parta da própria pessoa.

A leitura deste livro, entretanto, me fez refletir que é a realidade deles que os faz agir com tanto ‘empenho’ para conseguir sua doação. Desnutrição, cólera, HIV/Aids, meningite, tuberculose são parte do dia-a-dia deles e o motivo por traz de tanta insistência.

MSF no Sudão do Sul

Mantenha-se firme em seus princípios como eu fiz, mas se puder doe. Não por achar que isso é a vontade de algum deus ou porque querem que você o faça, faça por si e com o pensamento naqueles que sofrem. Se por algum motivo não conseguir, pelo menos leia o livro e conheça o trabalho deles há 40 anos.

Para acessar a página de doações da MSF basta clicar neste link.

“O fundamento do ato humanitário é a solidariedade entre seres humanos; solidariedade construída sobre diálogos e trocas de experiências; solidariedade que, no campo da ação, tem por objetivo restaurar a dignidade”.

obs.: todas as fotos desta postagem foram retiradas do site da organização para fins de divulgação do trabalho.

DIGNIDADE!
Título original: Dignità!
Autores: Drauzio Varella (prefácio), Mario Vargas Llosa, Eliane Brum, Paolo Giordano, Catherine Dunne, Alicia Giménez Bartlett, James A. Levine, Esmahan Aykol, Tishani Doshi e Wilfried N’Sondé
Editora: LeYa
Páginas: 268
Ano de lançamento: 2012