Se a ideia em si não é original – já tendo sido trabalhada em exaustão em filmes, literatura e HQs – a forma como a história é carregada aqui, com descobertas surpreendentes e diálogos densos a cada instante, gruda o espectador em sua poltrona até o fim dos seus seis eletrizantes episódios.
Uma trama sobre confiança, amor, desilusão, coragem e muitas mentiras.
Mas vamos com calma! A seguinte Observação procura dissecar esta série original da BBC e, caso não tenha visto ainda, deixá-lo com muita vontade de assistir.
Vamos em frente!
O QUE HÁ POR TRÁS DOS FATOS
A trama é bastante simples. Para quem não conhece, a série gira em torno de um assassinato ou suicídio e os motivos que deram origem a este acontecimento. A morte em questão é da amante e funcionária de um parlamentar que tem ganhado importância política por estar no centro de um debate sobre petróleo e energia, e que trará ganhos e perdas político-econômicas para o país e para várias pessoas e empresas. Cabe a um grupo de jornalistas buscar a verdade por trás dos fatos.
A equipe editorial do Herald |
Quando Dan Foster, um próspero, porém boêmio jornalista ao extremo, passa uma entrevista com uma ex-professora, com quem supostamente teve um caso, para transcrição, sua colega de trabalho Della Smith comenta:
“- Susan Saggatchean, U-EX Petróleo – comenta Dan.
- Quanto ela sabe? – interroga o diretor de redação Cameron.
- Não é tão bom – interrompe Della Smith – Ela falou demais, mas não quer dizer que sabe algo além do tamanho do pênis de Dan.
- Ei, levante a mão quem nunca transou com uma fonte – interrompe rapidamente seu superior e pai de Dan.
Todos ficam surpresos com a indagação do chefe, mas em sinal de concordância apenas se entreolham e seguem com o trabalho”.
JOGO DE VALE TUDO
O parlamentar Stephen Collins e o jornalista Cal McCaffrey |
Além disso, o roteirista mostrou-me bastante conhecedor de tramas políticas e criou uma atmosfera onde, afora os jornalistas do Herald, qualquer um poderia ser o mandante do assassinato da funcionária. E isso resulta em um mais do que aguardado desfecho da minissérie que, aliás, não é nada previsível e facilmente deixa-nos com muita vontade de conhecer obras semelhantes. Mas já aviso, isso não será uma tarefa fácil!
Paul Abbott também foi o responsável pelo filme estadunidense de mesmo nome. Embora a história fosse a mesma, o resultado é bastante inferior |
Outro ponto relevante é mostrar também importância que cada tema tem para um jornal, o que entra ou não na primeira página, quais as informações que devem ser dadas primeiro e quais podem ficar apenas para pé de uma página qualquer. Não que eu defenda o método praticado pela publicação, mas é a realidade das redações. E isso não irá mudar, mesmo com as reclamações de Sonny Stagg sobre Cal não mostrar a injustiça da morte de seu irmão na primeira página, assassinado no mesmo dia em que funcionária do parlamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O fim do jogo de Intrigas de Estado não nos traz vencedores, nem mesmo Cal pode ser considerado com tal, mesmo tendo sua extensa matéria sobre o caso publicada. Para textos analíticos como este não costumo usar metáforas, mas em castelo de cartas, quando a última carta lá de baixo é retirada tudo cai, até mesmo sob nossos dedos, que não fugiram rapidamente. Portanto, ele pode ter conseguido sua matéria, mas seus olhos no último minuto da série demonstram a total ausência de felicidade.
Confira o trailer da minissérie:
INTRIGAS DE ESTADO
Título original: State of Play
Direção: David Yates
Roteiro: Paul Abbott
Elenco: David Morrissey (Stephen Collins), John Simm (Cal McCaffrey), Kelly Macdonald (Della Smith), Bill Nighy (Cameron Foster) e James McAvoy (Dan Foster)
Ano de lançamento: 2003
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