Agitada. Sufocada. Sucumbindo ao seu próprio peso. Cidadãos com medo das ruas. A arma. A gangue. Somente uma coisa lutando pela ordem nesse caos: os homens e mulheres do Salão da Justiça”.
Que melhor resumo de uma história que não a do texto narrado pelo personagem principal? Com as palavras acima, começa DREDD.
Se você é daqueles que a única coisa que ouviu sobre o famoso juiz inglês é o filme com o Stallone de 1995, seria bom começar a rever algumas coisas. E que tal partir desta Observação da nova adaptação para os cinemas de Juiz Dredd?
PÉ NA PORTA E SOCO NA CARA
Juiz Dredd nas HQs, por Simon Bisley |
Veja bem, não estamos aqui para questionar os resultados, mas chama a atenção uma revista estadunidense listar entre os melhores um tal de Joe Dredd na sétima colocação.
Juiz Dredd foi criado em 1977 para a notória revista inglesa 2000AD, por John Wagner e Carlos Ezquerra. No cenário mencionado acima, o mundo, em um futuro não tão distante, se viu diante de uma guerra que nuclear que destruiu boa parte do planeta. Após este acontecimento, o mundo se viu diante das tais megalópoles e nestes estranhos locais o sistema democrático caiu. A lei é regida pelo “Departamento de Justiça, formado por juízes que acumulam a função de juiz, júri e executor – um sistema de justiça imediata criado para combater a criminalidade fora do controle das megacidades”, conforme consta no texto de apresentação da primeira edição de Juiz Dredd Megazine, publicação da editora Mythos.
Joseph Dredd é o mais famoso desses juízes, “um clone do antigo juiz-chefe do Departamento de Justiça, criador do conceito de justiça imediata”.
UMA NOVA CHANCE NOS CINEMAS
A diferença visual entre Stallone e Karl Urban, que interpretaram o personagem nas adaptações de 1995 e 2012, respectivamente |
Você sabia que a ideia debatida na série, em relação aos juízes, é do mundo regido pelo fascismo?
Emilio Gentile, historiador italiano especializado na ideologia e cultura do fascismo, elenca dez elementos constitutivos desta ideologia. Não mencionarei todos – sua teoria é facilmente encontrada na internet – mas sim os mais próximos do mundo de Dredd:
"4. Uma concepção totalitária do primado da política, concebida como uma experiência de integração para realizar a fusão do indivíduo e das massas na unidade orgânica e mística da nação como uma comunidade étnica e moral, a adoção de medidas de discriminação e perseguição contra aqueles considerados fora desta comunidade quer como inimigos do regime ou membros de raças consideradas inferiores ou perigosas para a integridade da nação;
5. Uma ética civil, fundada em total dedicação à comunidade nacional, sobre a disciplina, a virilidade, a camaradagem e o espírito guerreiro;
6. Um Estado de partido único que tem a tarefa de prover a defesa armada do regime, a seleção de seus quadros de direção e organização das massas no interior do estado, em um processo de mobilização permanente de emoção e da fé;
7. Um aparato policial que impede, controla e reprime a dissidência e a oposição, mesmo usando o terror organizado."
Eis o motivo pelo qual Dredd, a nova produção do personagem para a telona, é muito mais leal ao material original. O Juiz mais famoso de Mega-City Um é, portanto, um herói que não pediria tal título, ao contrário, preferia ser visto mais como um anti-herói, desde que suas ações fossem vistas como forma de manter a ordem local.
A insana Madeline Madrigal, a Ma-Ma |
A obra é recheada de uma violência sem limites, com os dois Juízes tentando tomar o local. A situação esquenta quando eles descobrem que Ma-ma é a principal produtora de uma nova e perigosa droga no mercado, o Slo-Mo, que faz seus usuários enxergarem a realidade com uma fração da velocidade normal. O visual que a película adquire quando alguém ingere a droga, inclusive, é um dos destaques do filme.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dredd é um filme muito bem produzido e com uma história envolvente. Apenas dois fatos incomodam, mesmo que sem prejudicar o rumo da trama:
Recruta Cassandra Anderson |
- Apesar do nome do filme, o verdadeiro astro do filme é a novata Cassandra. O famoso juiz acaba sendo meramente um apoio a construção da personagem – talvez o motivo pelo qual os realizadores da obra, e o ator Karl Urban, que vive Dredd, comentaram que em um possível segundo filme o foco seria a origem do mítico personagem. Novamente, não é uma falha do filme, uma vez que os elementos principais e queridos de Dredd lá estão.
Finalmente um bom filme do Juiz para curtir!
Confira o trailer do filme:
Estúdio: DNA Films, IM Global e Reliance Entertainment
País de origem: Inglaterra e África do Sul
Ano de lançamento: 2012
Diretor: Pete Travis
Roteiro: Alex Garland
Elenco: Karl Urban (Juiz Dredd), Olivia Thirlby (Cassandra Anderson) e Lena Headey (Madeline Madrigal, a Ma-Ma)
Outro dia estava folheando uma HQ deste título em uma banca e fiquei com vontade de adquirir aquela edição, no entanto não comprei. Mas agora com esta apresentação fiquei ainda mais interessado pelos temas e enredo político que a história aborda.
ResponderExcluirLeandro, compre a revista. É uma das melhores revistas de histórias em quadrinhos que temos nas bancas atualmente. E assim o filme também, claro! Mas compre a revista. Abraços e obrigado pelo comentário!
ExcluirO filme foi muito original e divertido, amei o desempenho de Lena Headey, sempre ela consegue destacar graças à sua grande obra. Amei se trabalho na série Game of Thrones, por certo, li no site oficial: http://br.hbomax.tv/serie/Game-of-Thrones-Temporada-07-/501441 vi mais detalhes da nova temporada. Eu gostei a originalidade da história e da grande equipe de produção.
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