Rurouni Kenshin: Crônicas na era Meiji | A volta do retalhador

Este ‘servo’ que vos escreve Observará as diferenças e igualdades entre as histórias do filme e do mangá da obra japonesa RUROUNI KENSHIN: CRÔNICAS DA ERA MEIJI (ou Samurai X como ficou conhecido no ocidente).

Antes de iniciar é preciso deixar claro o que, o meu objetivo é fazer uma análise criteriosa entre um e outro e tentar mostrar que as adaptações de livros, games, quadrinhos e mangás em live action pode ser difícil, mas com um boa vontade e um pouco de competência, é possível fazer sim um bom trabalho.

Para mim é algo prazeroso, pois, escreverei sobre o mangá que mais gostei de ler, e sobre um filme que esperei por anos.

O SURGIMENTO DO BATTOUSAI

Primeiramente, vamos aos fatos históricos. A série, ambientada nos primeiros anos da Era Meiji no Japão (por volta de 1868 a 1878), conta a história de Kenshin Himura, um andarilho, ex-espadachim que prometeu nunca mais matar. Entretanto, seu passado como Battousai o retalhador, a serviço da Ishin Shishi (Monarquistas), o fará brandir novamente sua espada contra velhos e novos inimigos, tendo a alma de battousai de volta a uma época de paz.

O autor criou de fato uma obra que recria o verdadeiro Japão no séc. XIX, apesar de usar um personagem principal fictício, ele aborda reais personagens da história nipônica, o que faz a obra um verdadeiro livro histórico sobre o acontecido.

A série foi publicada primeiramente em mangá, pelo artista Nobuhiro Watsuki, e posteriormente adaptada em anime (exibido no Brasil por TV Globo e Cartoon Network).

O mangá foi publicado originalmente na revista japonesa Weekly Shōnen Jump. O trabalho completo rendeu 28 volumes encadernados. No Brasil, foi publicado em sua totalidade a partir de maio de 2001 pela Editora JBC em formato conhecido como meio tankōbon (onde cada um do original era lançado como dois no país) e voltou às bancas em 2012, pela mesma editora, mas desta vez em sua forma original.

SAMURAI NA GRANDE TELA

As adaptações de mangás, HQs e games às telas, muito comumente, costumam gerar decepções aos fãs do material original. Portanto, a desconfiança com Samurai X era inevitável. A participação de Nobuhiro Watsuki na produção e roteirização, contudo, além da filmagem sendo feita no Japão, tranquilizou os adoradores da obra e alçou o filme ao sucesso.

Rouroni Kenshin começa semelhante ao anime. O que é muito bom, não precisa ser igual, mas que tenha o mesmo conteúdo e contexto é assim que uma adaptação deve ser feita (sim acho necessário ser igual, se não descaracteriza a série. Lembro que os maiores ‘vendedores do peixe’ são os próprios fãs, e se tem uma coisa que fãs odeiam é que mexam no contexto original). A história gira em torno da construção do governo japonês na instauração da Era Meiji, na qual o protagonista lutou a favor. Kenshin abandona toda a sua vida como Retalhador Battousai (Hitokiri Battousai) prometendo nunca mais assassinar ninguém.

A película também é fiel às sequências. Primeiro o encontro com Kaoruo (integrante principal do núcleo de personagens ao lado de Yahiko, Sanosuke, Saitou e Kenshin), mestra do Dojo Kamiya Kashin. Contudo, as semelhanças param por aí. Seguindo o mangá, há algumas adaptações que não foram tão fieis. Há sim semelhanças, porém, houve junções de cenas e episódios que no mangá/animê eram partes de histórias diferentes, como a vinda de Jin-E Udo, a chegada de Megumi, do anti-heroi Sanosuke Sagara e a presença de Hajime Saitou (ou Gouro Fujita) que foi antecipada, porém, é muito bem feita.

O enredo se baseia em torno do vilão Kanryuu Takaeda, contrabandista de ópio da região. No mangá, neste cenário aparece Aoshi Shinomori, líder dos Oninwabanshuu, um epsadashin tão importante quanto Kenshin, e que tem uma participação determinante na história da obra. Já no filme, Jin-E é o personagem que se destaca, e nem há menção ao Aoshi.

Apesar de complexo, e da não presença de Shinomori, o filme deixou poucas pontas soltas aos leigos. Esses detalhes que citei são compreendidos apenas por fãs, como eu, que sabem o que se passou nas versões anteriores.

De um modo geral, acho isso positivo, porque atinge em massa várias pessoas que tiveram pouco ou nenhum contato com Samurai X. Ninguém se sentirá perdido na história. Claro que a não presença de Aoshi é algo que eu como fã senti, mas olhando as várias adaptações já feitas para o cinema, essa de Samurai X é muito bem feita.

INTERPRETAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO

Considero a escolha dos atores um passo fundamental para o sucesso de uma adaptação tão complexa como Rurouni Kenshin. Sato Takeru cumpriu com êxito a sua interpretação como o principal protagonista (Kenshin) e teve uma boa evolução no filme. Achei a melhor caracterização feita de um personagem de animê em um live action.

Não só ele, mas como as interpretações e caracterização de personagens, os diálogos de Kenshin com Kaorou, ou com Goro Fujita, por exemplo, mostram uma boa postura por parte dos atores.

Aliás, deixo aqui uma boa impressão do personagem Hajime Saitou (Goro Fujita) que seguiu fielmente ao mangá, é bem elaborado e bem feito, talvez pelo fato de ter existido de verdade na história do Japão tenha sido mais fácil sua caracterização.

Minha única ressalva é com algumas coisas peculiares do que vi/li no mangá e animê e que foram deixados de lado no filme, como as conversas engraçadas de Kaorou e Yahiko (outro personagem bem feito) que faziam o mangá ter um cunho jocoso. Outro ponto falho é a presença de Sanosuke com Kenshin. Sanosuke teve um peso considerável de participação no filme, mas por se tratar de um grande amigo do Kenshin, acredito deveria ter tido mais diálogos entre os dois. Apesar de desses contrapontos, o filme é bom e o principal, foi muito bem adaptado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A conclusão que chego é que é a melhor adaptação que vi de um mangá para o cinema, sendo live action. Sem dúvida a participação de Nobuhiro Watsuki nas filmagens foi um fator primordial. Que outras adaptações sigam o exemplo e usem e abusem de seus autores originais.

As escolhas de atores e suas caracterizações também são fundamentais, e mostram novamente que Watsuki teve dedo nesses pontos.

Claro que o filme tem pontos falhos, mas o bom trabalho na roteirização e nos personagens fizeram esses pontos serem tão inexpressivos, que permitem ao espectador saber quase tudo do mangá, mesmo sem lê-lo.

Para os fãs fica só a tristeza de não ver Aoshi Shinomori no filme, já que o enredo caberia muito bem sua participação, porém, com a promessa de um segundo filme. Acho que caberia a sua entrada, assim como a de outro vilão, Makoto Shishio.

RUROUNI KENSHIN: CRÔNICAS NA ERA MEIJI
Título original: Rurôni Kenshin: Meiji kenkaku roman tan
Estúdio: Warner Bros. e Studio Swan
País de origem: Japão
Ano de lançamento: 2012
Diretor: Keishi Ohtomo
Roteiro: Kiyomi Fujii
Elenco: Takeru Satô (Kenshin Himura), Yû Aoi (Megumi Takani), Emi Takei (Kaoru Kamiya), Teruyuki Kagawa (Kanryuu Takeda), Yôsuke Eguchi (Saito Hajime), Munetaka Aoki (Sanosuke Sagara), Kôji Kikkawa (Jine Udo) e Taketo Tanaka (Yahiko Myojin)

Filme observado por João Paulo Andrade.

8 comentários:

  1. Eu conheço um pouco do mangá e animê. Gostei do filme fora a sensação de que está tudo sendo feito bem detalhado que em alguns momentos falta um pouco de improviso e sentimento.

    E excelente trabalho do Takeru Satô que também fez Koyuki no Live Action BECK.

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  2. Nós da RK Live Action, gostamos muito de sua análise!
    Realmente os produtores do Live Action estão de parabéns e atenderam muitas expectativas dos fãs. Porém, como você já abordou, para os leigos na história de Rurouni Kenshin, ficou meio "sem pé nem cabeça" a entrada do Sanosuke, e também o fato de que quase não é pronunciado o nome dos personagens (Sano, Saitou, Megumi...) Mas como amo essa obra, também sinto o mesmo com a adaptação do mangá/animê para o Live Action!

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    Respostas
    1. Olá, SamuraiX.RK.TheMovie! Primeiramente, obrigado pelo comentário. Acho que meu amigo João talvez possa ter se deixado levar pelo calor da paixão que teve pelo filme, por assim dizer...rs. E, aliás, ele já me confessou que o Sanosuke é dos personagens que mais gosta na série. Ficamos felizes que tenham gostado. Abraço!

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    2. Segue o link para acompanhar notícias, fotos e fanarts de Samurai X ou Rurouni Kenshin

      https://www.facebook.com/SamuraiX.RK.TheMovie

      :D

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  3. Ótima analise, gostei muito.
    Porém, em questão de adaptação achei fraca, história foi retalhada (como Kenshin na época de Hitokiri faria com um alvo). Lutas fracas, fora contra Jin-e.

    O que foi aquela luta do Kenshin usando Aikido? Uns 40 anos antes de ser criado o estilo?

    Apenas na ultima luta ele diz e usa uma técnica do estilo, que nem no manga.

    Se é para resumir uma obra em um filme, Death note saiu melhor.

    Nem vou falar daquele maluco loira com arma de fogo.

    Bom, mas não foi ótimo.

    Sobre figurino e fotografia, nem podemos discutir, é ótimo.

    Vamos ver

    ^_^X

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  4. Olá Mestre, obrigado pela leitura.

    Concordo em partes. Como não vi Death Note, não posso afirmar se a adaptação foi melhor, mas Samurai X foi muito bem nessa parte, ao meu ver. Concordo que alguams partes foram juntadas, mesmo que no mangá, fossem histórias diferentes, mas mesmo assim, olho para quem nunca viu o manga ou o anime. Ele não se sentirá perdido em ver o filme e depois procurar o mangá, não completamente.

    Talvez pelo fato das personagens e figurinos serem o ponto mais alto, alguns outros fatores passaram despercebidos. Mas lembro que tudo foi acompanhado pelo Watsuki, ou seja, o proprio autor, Vou esperar o segundo filme para tecer um novo parâmetro.

    Mas concordo com as suas indagações.

    Obrigado.

    PS: Espero que tenha gostado do Blog como um todo.

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  5. Vou dar uma olhada melhor, o pessoal do Geeknarede.com.br que me indicou essa matéria.

    Sou meio chato com adaptações, ainda mais do meu mangá favorito, nem o anime me agrada tanto. Do mangá eu tenho tudo que saiu aqui, fora o bonequinho do Kenshin que mandei trazer.

    Para dar um exemplo, odeio o filme do Constatine e V de Vingança ( o melhor Graphic Novel da história). 300 e Watchmen são bons (nota 7).
    Melhor adaptação é Sin City.

    Porém, meus amigos dizem que sou chato huahuahuahua

    Depois leio mais o blog.

    Sucesso sempre.

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