Cavaleiros do Zodíaco - A grande batalha dos deuses | A mitologia nórdica entre os guerreiros de Athena

CAVALEIROS DO ZODÍACO – A GRANDE BATALHA DOS DEUSES é o segundo filme da famosa saga dos guerreiros de Athena produzido pela Toei Animation em 1988.

A temática do filme não é muito diferente das utilizadas nos outros filmes da animação. Como os demais, aqui o mundo está em perigo, logo Athena e seus cavaleiros precisam entrar em ação.

A principal diferença para a saga é utilização de uma outra mitologia que não a grega: a nórdica. No filme, Asgard, terra santa dos deuses do norte, é o grande centro da atenção. É um local frio, com relevo cheio de montanhas e desfiladeiros, e que jamais viu a luz do sol irradiar o seu calor no solo. Em seus altos montes situa-se o Palácio Valhala, templo de Odin, onde residem os seus representantes (no filme, Durval). Atrás do Palácio há uma gigantesca estátua erigida em homenagem ao Senhor de Asgard.

A presente Observação relacionará as principais menções à esta mitologia relacionando-a com os heróis do zodíaco.

A ORIGEM DA MITOLOGIA

Que tal um pouco de cultura? Já que abordaremos a história dos mitos, precisamos entender o que é a mitologia, nisso englobamos a história nórdica.

Para entender a mitologia é preciso primeiramente saber sobre o significado de mito. A palavra vem da palavra grega mythos (μῦθος) que pode ser traduzido como discurso ou narrativa. O mito mostra a vida, costumes, vivência e cultura de determinados povos, procurando exemplificar a realidade, origens e mistérios através das crenças ou religiões de cada um deles.

O mito que é descrito através de lendas, contos, folclores transmite, geralmente, as origens através do tempo. Os personagens principais nos mitos são geralmente deuses ou heróis sobrenaturais como Zeus, Odin, Hércules, Thor, entre outros.

É nesse contexto que Cavaleiros do Zodíaco é mostrado, que apesar de ter forte influência da mitologia grega, faz interessantes menções a outras, como indiana, nipônica, nórdica etc.

Abordaremos mais a última, por conta da obra escolhida, também chamada de mitologia germânica, viking ou escandinava, e é o nome dado ao conjunto de religiões, crenças e lendas pré-cristãs dos povos escandinavos.

Dentre as histórias contidas nela está a de Odin, rei das terras nórdicas. Só a título de curiosidade, ele tem um dia da semana em sua homenagem, quarta-feira, que nas línguas inglesa e alemã, tem como referência Wonden e Wotan (Wednesday e Mittwoch respectivamente).

Outro expoente desta mitologia é Thor, deus do trovão e filho de Odin e que também tem um dia em sua homenagem, quinta-feira (thursday, em inglês, que vem do alemão ‘Trovão’).
Curiosamente apenas o primeiro aparece na história, mas somente mencionado.

GUERREIROS DEUSES

A história se baseia em torno de Durval (Do germânico, "Sacerdote de Thor", possível anagrama de Baldur, deus nórdico da luz. Seu nome em inglês é Torvald), líder dos guerreiros nórdicos, que assim como Hilda no anime, tenta se apossar do santuário de Athena. As semelhanças param por aí, primeiro porque os cavaleiros deuses do filme são inferiores aos cavaleiros deuses do anime. Segundo, as armaduras têm diferenças assim como quem às possui.

A história começa com o palácio Valhalla (a dublagem brasileira original o chama de Guaruhara), quando Hyoga salva um soldado de Odin, mas este morre dizendo que a batalha dos deuses iria começar. O cavaleiro de cisne desaparece, o que chama a atenção de seus parceiros de bronze, que partem para Asgard para tentar descobrir seu paradeiro. Saori Kido acaba sequestrada pelo representante de Odin, Durval. Assim começa uma batalha contra os Guerreiros de Asgard e caberá a Frey, um dos sacerdotes abaixo de Durval, ajudar os cavaleiros de bronze a derrotar o mal.

A obra tem alguns problemas deste o início, como a dificuldade de cravar em qual momento histórico de Os Cavaleiros do Zodíaco ela acontece (pode ser uma introdução à saga Asgard ou não). Diferentemente do anime, a obra não detalha a riqueza da mitologia nórdica. Os guerreiros deuses que aparecem no filme não falam suas constelações, só o nome e pronto. Há certa falta de sensibilidade com o espectador. Creio que seja por falta de recursos e até mesmo tempo.

Para entender quem são é preciso saber um pouco sobre a mitologia nórdica para interpretar o acontecimento (sim, o pior é que é verdade!).

Sem contar que, quem viu a saga Hades, sente a pobreza das lutas, muito por sua produção datar de 1988, em comparação com a outra mais recente. Talvez o único destaque seja o enfrentamento entre Hyoga (que havia sofrido uma espécie de lavagem cerebral para estar ao lado de Durval) e Shiryu.

Os guerreiros deuses – que vale a pena mencionar, de deuses não tem nada, uma vez que, segundo Freya (irmã de Frey), é apenas um termo para chamar os cavaleiros a serviço de Odin – de destaque no filme são:

- Loki (meio irmão de Thor, mas você já deve saber disso, não?) é protegido pela armadura de Fenrir.
- Rung, que na mitologia nórdica significa ‘guerreiro’, é protegido pela armadura de Thrym.
- Ur, que é o Deus da Justiça escandinava. Protegido pela armadura Surt. Sua armadura é semelhante a usada pelo guerreiro deus Alberich de Megrez, do anime.
- Midgard, que significa terra média, ou onde os humanos viviam na mitologia nórdica, foi interpretado pelo Hyoga, cavaleiro de Athena que sofrera lavagem cerebral de Duval.
- Durval representa o interlocutor entre Odin e os humanos. Foi protegido pela armadura de Heimdall.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não creio que seja a melhor obra feita pelo estúdio sobre Cavaleiros do Zodíaco. Ainda que a obra de Kurumada seja conhecida por alterar partes da Mitologia, os mitos nórdicos - para mim, as histórias mais complexas e lindas dentre as demais – são abordados de maneira pobre, diferentemente do anime. Acredito mais pelo tempo escasso para realizar esses detalhes, em uma tentativa de capitalizar sobre tudo que a saga poderia render, o resultado final tenha sido prejudicado.

Outro ponto que ficou claro é que para entender o contexto da obra, é preciso já ter conhecimento da mesma, o que digamos assim, não é algo que seja louvável para um anime.

E por fim, são muitas as passagens óbvias pelo caminho e certas curiosidades como: o olhar e o cosmo não foram suficientes para Shiryu identificar Hyoga quando o vê pela primeira vez com a armadura laranja? Frei não estranha o fato de Midgard ser novo no recinto? Por que a dublagem nacional põe a voz de Hyoga em Frei quando este está preso no calabouço? Por que Shun não fica ao lado de Saori quando ela é chamada por Durval para comparecer ao castelo?

Apesar dessas indagações sem respostas, o filme foi considerado um sucesso no Japão quando lançado.

CAVALEIROS DO ZODÍACO – A GRANDE BATALHA DOS DEUSES
Título original: Seint Seiya Kamigami no Atsuki Tatakai
Estúdio: Toei Animation
País de origem: Japão
Ano de lançamento: 1988
Roteiro: Seiji Yokoyama
Direção: Kôzô Morishita

Filme observado por João Paulo Andrade.

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