Nascido entre os Nômades do Ar, o pequeno acaba desviado de seu destino ao ser jogado ao mar e congelar por cem anos. Um dia, dois irmãos da Tribo da Água o encontram e juntos terão que por fim ao desejo de poder da Nação do Fogo. Assim tem início esta eletrizante animação original da Nicklodeon, banhada nas culturas japonesa e chinesa, produzida de forma muito semelhante a um anime.
Mas para que contar sob o viés que todos já veem?
Venha conferir se você concorda ou não com nossa Observação sobre AVATAR - A LENDA DE AANG, onde buscamos captar a história aos olhos do antagonista príncipe Zuko e o que faz dele um dos personagens principais desta bela saga.
GUIADOS PELO DESTINO
Não estou me esquecendo da importância dos irmãos Katara e Sokka. Pelo contrário, faço questão de afirmar que não fossem eles, Aang, por mais esperto que fosse no início, teria sido pego pelos vilões rapidamente.
A questão é que eles são batalhadores, sofrem com os acontecimentos anteriores ao início da saga, quando a Nação do Fogo começou a destruir os Nômades do Ar, a Tribo da Água e o Reino da Terra. O mesmo pode ser dito da poderosa Toph, que aparecerá mais adiante.
Zuko, entretanto, estava em um degrau maior e ao mesmo tempo não estava. Era parte do grupo dominante e não era, afinal tinha sido expulso por seu pai.
Toda sua história está entrelaçada com o Avatar, a começar pela sua paternidade. Seu pai era da linhagem dos Senhores do Fogo, ao passo que sua mãe tinha como parente um último Avatar antes de Aang.
Zuko sempre sabe onde estará o garoto do Ar (isso até gera uma brincadeira no terceiro livro) e, embora desgoste dele, o ajuda em alguns momentos. Em tese para defender sua honra (falaremos disso mais adiante), mas na teoria nem tanto (principalmente quando liberta Appa em Ba Sing Se).
As mudanças que o personagem tem ao longo da trama são muito mais relevantes do que as que ocorrem com os demais. No primeiro livro ele tem um ar muito mais de vilão, no segundo passa a anti-herói, para no terceiro tornar-se membro da Equipe Avatar. Os demais são sempre heróis, com importância crescente na guerra.
CASTIGO AO QUESTIONADOR
“Eu vou capturar o Avatar e restaurar minha honra!”
A série não nos apresenta a história de Zuko de maneira linear. Provavelmente, a ideia dos produtores era não revelar muito de seu caráter, justamente para irem moldando-o com o tempo.
É ao longo dos três livros que compõem a saga que descobrimos que o príncipe da Nação do Fogo não passa de uma vítima das ações de seu pai. Listemos abaixo alguns pontos que justificam tal colocação:
- Guerra histórica: Quando criança, Zuko já tinha muita raiva dentro de si, mas talvez isso seja explicado porque ele cresceu no clima de guerra (quem a iniciou foi seu bisavô). Seu destino, como primogênito, estava traçado muito antes de nascer;
- Infância com a mãe: Ele nunca foi de todo mal. Em vários momentos da história somos apresentados ao seu passado com sua mãe, que o mimava e tentava mostrar que a vida não precisava envolver violência;
Azula e o Senhor do Fogo Ozai |
- Relação com o pai: Cruel e dissimulado, o Senhor do Fogo destratou seu filho durante boa parte da história (não fica muito claro quais os reais motivos, senão a mencionada expulsão). A única coisa que Zuko queria era seu respeito e o mesmo carinho que este demonstrava a sua irmã.
O MESTRE DO CHÁ
“Embora seja sempre bom acreditar em si mesmo, uma ajudinha dos outros pode ser uma grande benção”.
A figura sisuda que temos do príncipe da Nação do Fogo começa a desmoronar diante das suas tentativas fracassadas de pegar Aang. Mas o verdadeiro mentor desta mudança psicológica no jovem é seu tio Iroh, que o tem como filho.
Curiosamente, Iroh foi tudo que Zuko não conseguiu ser, perdeu tudo assim como o sobrinho, mas nunca baixou a cabeça. Observe sua vida:
- Filho mais velho do Senhor do Fogo, logo seu sucessor ao trono. Entretanto, acabou preterido ao ver seu filho morrer na guerra e ficar sem herdeiros.
- É o maior Dobrador do Foco existente no mundo de Avatar, ficando conhecido como o Dragão do Oeste. Mesmo assim, não conseguiu derrubar Ba Sing Se, fato remediado apenas anos depois pela irmã de Zuko, Azula.
E conquistando glórias e fracassos, qual o maior desejo de Iroh no momento em que se passam os livros de A Lenda de Aang? Aposto que ia dizer que é ter a melhor casa de chá de Ba Sing Se, não é? Errado, é justamente mostrar ao sobrinho que o Senhor do Fogo estava errado em seus planos de conquista.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quem assistiu Avatar – A Lenda de Aang até o final sabe da guinada que Zuko tem na saga. Mas é interessante notar também a importância que a sua história em particular, mais do que a dos irmãos Katara e Sokka, tem para o desenho animado.
Não por menos, acaba em uma posição muito mais privilegiada no final.
Aliás, para quem é fã do personagem (e da série em geral também) recomendo a leitura das HQs lançadas pela editora Dark Horse nos Estados Unidos. Promessa conta a história a partir do ponto em que ela termina no desenho, e tira várias dúvidas sobre como funcionará o reinado de Zuko, a devolução de terras aos demais reinos e a posição que Aang agora tem para o mundo.
Já A Busca mostra alguns fatos não explicados na série sobre o destino de Ursa, mãe de Zuko e Azula. É interessante ver que a importância dela para que Ozai assumisse como Senhor do Fogo é ainda maior do que imaginávamos, além da assustadora revelação do que ela fez para sumir por tantos anos.
É por conta disso que Zuko é um personagem tão relevante e interessante ponto de estudo.
Mas ele é só uma parte deste brilhante e instigante desenho animado. Não deixe de conferir!
AVATAR – A LENDA DE AANG
Nome original: Avatar – The Last Airbender
Criação: Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko
Roteiro: Michael Dante DiMartino, Bryan Konietzko, Aaron Ehasz e Tim Hedrick
Direção: Lauren MacMullan, Dave Filoni, Giancarlo Volpe, Ethan Spaulding e Joaquim Dos Santos
Ano de exibição: 2005 a 2008
Número de episódios: 61 (divididos em três temporadas, chamadas de Livros)
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